É tanto pra falar de Edinho que torna-se difícil, são muitas histórias e estórias, tantos peixes grandes, enormes.
Com certeza ele era sempre uma alegria. Desde o tempo que eu morava em Conquista e era ainda uma adolescente, quando Edinho chegava era felicidade completa, principalmente nos carnavais. Quem se lembra do Carnaval do Talco? Foi talco até no bife de Amélia, que na época era brava. Acho que o único ser vivo que não tinha medo de Amelinha naquele tempo era Edinho.
Em Salvador, anos depois, ainda estudante, quantas farras não fizemos, todos nós primos e sobrinhos, de quebra os colegas paulistas que vinham no verão. E era Edinho quem comandava o espetáculo. E bancava as contas.
Feira de Santana, Acampamento de Paraguaçu, Dias d´Ávila, Sítio de Montanha. E Edinho era o líder. Chegava com uma kombi cheia de mantimentos. Montava um bar. Fazia drinques para nos embebedar. Festas homéricas, inesquecíveis. Houve a festa da lama em Dias d’Ávila, a final do Campeonato de Biriba no Sítio de Montanha. O acampamento do Paraguaçu que foi um sonho, ao chegarmos lá tinham barracas armadas para todos. Sanitário. Copa e cozinha. Mesa para o biriba, indispensável.
De Feira de Santana saí de um bar, bêbada, carregada por Edinho. Eu disse “acho que vou morrer hoje”. Ele respondeu: “você pensa que morrer é fácil assim?”.. Foi a última vez que tomei Whisky na minha vida.
Depois vieram as festas de São João e de Natal. Quem não se lembra das fraudes nos sorteios? Mas eram fraudes de alto nível, ninguém desconfiava, ficávamos impressionados, como tia Débora ganhou o Cacau do Nacib?.. e Climério, a flor da Gabriela!!!… E ele, de microfone na mão, dava um show. No final da noite, arrastava um por um, para falar, cantar, contar piada… quem estivesse presente, não escapava.
Caminhada Primeiros Passos. Decidi participar depois de uma conversa com Edinho, ele era bom de argumentação, convencia. Partimos do Brejão para o Angelim. E no meio desses oito dias, muita água rolou. O grupo foi dividido em dois, os quais Edinho batizou de Serpentes e Cururus. Depois Califa comentou que o problema foi justamente os nomes pois “cobra engole sapo”. No final da caminhada, com cansaço e emoções, os grupos ficaram estremecidos.
Eu, Serpente, Edinho, Cururu, confesso que fiquei bem zangada com ele, parecia que a amizade de anos tinha morrido ali. Após alguns meses, ânimos já não mais exaltados, encontrei com Edinho, e tivemos uma conversa, iniciada por ele, aberta, franca, revivendo todos os momentos da caminhada. Ele assumiu a responsabilidade por tudo, pediu desculpas, e não havia motivo para tal, me senti pequenininha. Reconheci sua grandeza e minha parte de culpa, afinal dos Serpentes eu era a mais velha do grupo, poderia ter sido menos radical.
Participativo Edinho foi sempre presença imprescindível. Admirava sua capacidade de liderança e organização, que víamos em festas e nos acampamentos. Sempre ajudou a todos e negligenciou a própria saúde, pagou com o sofrimento nesses últimos anos.
Mas o que fica para nós é a parte boa, seus causos, seu jeito de contar e nos encantar com as mais simples histórias. Todos nós devemos a ele horas e mais horas de risos.
Texto de Isabel Barreto.
P.S. Peixe Grande e suas histórias maravilhosas é um filme em que o personagem conta os casos de sua vida cheios de fantasias, fadas, gigantes e duendes, e encanta a todos. Quando vi lembrei muito de Edinho pois nas suas histórias nunca sabíamos onde terminava a realidade e começava a fantasia, mas isso não importava.
Edinho com Maria Julia e Andressa |
Foram muitas ocasiões de conviver com Edinho, afinal fomos vizinhos em Feira, então há incontáveis lembranças. Em 2011 levamos Antônio na fazenda Paris e ganhamos algodão doce especial! 🥰
Um comentário:
Adorei Bel, como é bom lembrar.
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