MEUS QUERIDOS PARENTES E AMIGOS!
HOJE É DIA DE FESTA, É DIA DE FELICIDADE!
Tenho uma grandiosa alegria em informar a todos que nos cingiram de carinho e amor que, nesta data, 19 de dezembro de 2020, eu e minha amada estamos comemorando NOSSAS BODAS DE OURO.
50 ANOS!
Parece ter sido ontem que tudo começou!
Era julho de 1967!
Uma questão trivial não programada, sem prévio aviso, quer dizer, apenas passar o tempo, me fez ir ao Banco de Administração, início da Rua Chile, visitar um colega de faculdade, gerente da agência. Jamais poderia imaginar que aquela repentina decisão viria a mudar o meu futuro, para sempre!
Vejam o que é o destino!
Recebido pelo colega, começamos uma conversa casual sobre política, futebol e outros temas ligados à faculdade. À sua direita, sentada numa escrivaninha, uma lindíssima jovem, loura, cabelos longos, dourados e brilhantes, de olhos azuis celestiais, batia nas teclas de uma máquina de datilografia sem parar.
Presença marcante pela beleza e diversidade atraía logo a atenção, e como eu a observava insistentemente, de instantes a instantes, aqueles belos olhos tocavam os meus, pelos cantos, quase que furtivamente.
Naqueles rápidos movimentos no olhar, sentia calafrio e pensava; “olhar uma vez é natural, duas vezes descuido, mas três, quatro, cinco, seis vezes, ufa! deve ter gostado do que viu! Será amor à primeira vista?”. Pensei!
Meu colega pediu licença por um momento para atender a um cliente fora da sala, e, quando retornou, em tom de voz trêmulo e quase imperceptível, perguntei-lhe:
Cara, “onde você encontrou essa pérola escandinava?”
Respondeu também em tom de voz baixo:
“Ah! Essa é a Miss Nazaré que há um mês esteve participando do Concurso Miss Bahia!”
Pensei, puxa vida!!!
Saí, não conseguia tirá-la do pensamento, relembrando seus olhares tímidos, penetrantes e avassaladores.
À noite fui imediatamente contar sobre o inesperado encontro ao meu amigo irmão Raskólnikov, que também, nesta data, está a um ano das Bodas de Ouro.
Conquistador nato (quando solteiro) me incentivou a ir em frente.
Fui adiante!
Quase todas as tardes ia ao Banco para vê-la. Virou rotina, ficávamos, por alguns minutos, no balcão trocando “cafunés” com a conivência dos seus colegas.
Durante um longo tempo, mais de um mês, frequentava a porta da sua casa, conversávamos, até ao cinema íamos, mas, nada de namoro! Nem sequer tocar a mão. Já estava aflito, perdendo as esperanças!
Quanta insistência a minha! Mas valeu a via-crúcis da paciência!
Inteligente, reservada, forte e imperativa como era e continua sendo, durante esse período, como me disse nos instantes anteriores ao “discurso do veredito”, observava meu comportamento, minhas ideias, meus ideais, meus interesses, meu caráter, minha noção de responsabilidade, e, então, veio o ansiosamente esperado “sim”, no dia 30 de agosto de 1967, selado com o presente que lhe dei “O Pequeno Príncipe”.
No dia 19 de dezembro de 1970, numa cerimônia simples, porém concorrida de parentes, colegas e amigos, na Igreja de São Pedro, Piedade, nos casamos, nos unimos de corpo e alma, nos transformamos em UNO, que será por toda a eternidade.
Mas antes do “sim” na presença de Deus, dos padrinhos, das testemunhas e todos que ali estavam não poderia deixar de ter o estresse do “tradicional atraso das noivas”.
Cerimônia marcada para as 19 horas, às 20 ainda não tinha chegado à Igreja. Preocupado que “pudesse ter me deixado na mão”, suado de nervoso que estava não tive dúvidas. Deixei todos na Igreja, entrei no meu Karmann Ghia, vermelhão, e, antevendo o futuro Lewis Hamilton, fui a Brotas e retornei em 15 minutos, como se estivesse pilotando uma Ferrari nas ruas do Principado de Mônaco.
Que maravilha! Quanta saudade!
Como todos sabem, não tivemos filhos, então são nossos queridos sobrinhos, sobrinhas e filhos de amigos irmãos que consideramos com apego e amor, e somos correspondidos e amados.
Tivemos e temos parentes e amigos fantásticos, que sempre estiveram ao nosso lado, em todos os instantes da nossa vida, e, para nos sentir cada vez mais juntos, nos bicudos dias de hoje, felizmente, apareceu o Watsapp.
Destes cinquenta anos, quarenta e um moramos e vivemos no bairro mais charmoso de Salvador, o Rio Vermelho, em diversos apartamentos. No momento, estamos há quase seis anos no MMM, de onde descortinamos uma paisagem privilegiada de todo o Rio Vermelho, do mar azul turquesa da Bahia, até podemos assistir o bailar das baleias nos períodos de deslocamento, e um pôr do sol de tirar o fôlego.
Há muito tempo vinha planejando que, neste dia 19 de dezembro de 2020, nas nossas Bodas de Ouro, reuniria todos os parentes e amigos que fosse possível, mesmo aqueles que estiveram apenas um breve instante em nossa vida, mas, infelizmente, por diversas razões, especialmente por esse vírus chinês assassino, ficou inviável.
Assim queridos, escrever um pequeno conto sobre o curso e segredos da nossa vida ao longo desse meio século que se passou como um relâmpago foi a forma que encontramos para agradecer e abraçar a todos, de coração, pela amizade e o amor que nos dedicaram nas situações mais felizes, como nos momentos de maior tristeza!
Muito obrigado!
Vamos juntos rumo às Bodas de Diamante!
Tenham um Bom Natal e um Novo Ano cheio de Paz e Saúde!
Beijos!
A & H
19.dezembro.2020
(Texto de Hamilton Ipê)