![]() |
Casamento de Amelinha e Arlindo |
1 - Maria Rosa Andrade
2 - Nicácia Andrade
3 - Amelinha Barreto
6 - Amélia Andrade
![]() |
Casamento de Amelinha e Arlindo |
Sempre falei que uma casa sem comida não tem alma. Todo domingo tinha um convite de almoço (meu celular quebrou e perdi as mensagens de 2020 e 2021), através de ligação ou WhatsApp, Fernando me ligava praticamente todo domingo para ir comer suas comidinhas.
Mas os almoços de domingo não eram só para comer, eram uma verdadeira reunião de família, reunião para jogar, reunião para fofocar.
Sua casa era sua alma, madeira no chão, no teto, na parede, nas cortinas, no abajur, nos quadros, sua casa é a sua assinatura, como disse Lila, nossas casas também. A maioria dos mobiliários dele que tenho em casa foram doações (espelho, mesa, aparador, entre outros), já tive guarda roupa tbém quando morava no Rosa Amarela. Ele deixou a sua marca. Bete me falou tinha uma pessoa tirando foto das ferragens do telhado da casa dela, que foi projetado por Fernando. Um artista, um arquiteto nato, nem precisou fazer uma faculdade, um autodidata.
Saudades dos nossos almoços de domingo.
![]() |
De Marcus Mendes |
Lilian Barreto Matos:
Luciana Chagas Barreto:
Nossas idas a Salvador eram também feitas pelo transporte de presentes inusitados: alguns eram máquinas ferozes que soltavam graciosas faíscas e causavam espanto por sua absoluta inutilidade. Moravam perto das janelas, aquelas janelas donas do vento infinito da Pituba. Um dia compramos dois candelabros prafrentex em uma loja de Bali aqui perto de casa, imaginamos imediatamente em levar um deles para o apartamento dono dos ventos na Pituba enquanto o outro ficaria aqui em casa. Hoje não sei porque verifiquei que o candelabro aqui de casa quebrou.
Ontem foi um dia triste, Fernando nos deixou e com ele uma parte de nós partiu junto.
Como ir a Salvador e não visitá-lo para ouvir suas críticas contundentes? Depois que ouvi ele me perguntar pela terceira vez se eu era doida parei de contar e contestar, passei a só escutar.
Meu tio e conselheiro, foi quem me deu dicas preciosas para direcionar o início da minha carreira profissional e decidir pela compra do meu primeiro apartamento, além disso me vendeu o segundo apartamento.
Era a personificação da máxima "meu nome é trabalho", incansável e sempre disposto a resolver problemas alheios, era só convocar.
Vanguardista, sempre antenado às novidades cosmopolitas e fashionistas, lembro muito do tempo que ele ia à feira de moda em São Paulo para abastecer It Modas e Cem Mil Meias e Modas, Salvador e Feira de Santana. Cá comigo pensava: que tio fashion eu tenho, hein? Parecia saído de alguma revista com a roupa impecável!
A saudade é grande, mas me alegra ter convivido com tio Fernando e relembrar sua jornada. Que Deus o acolha em sua misericórdia divina!
Nelsão, o Montanha, diria que Fernando foi uma figura Ciclópica!
Pat Barreto
(Lembranças não confiáveis que me vêm a memória...)
Quando eu era criança,
minha tia Carmélia e sua família moravam na mesma Praça Santo Antônio onde
morávamos, em Vitória da Conquista. Sua casa era surpreendente, diferente das outras do local porque era muito colorida, cada aposento tinha mais de
uma cor. Lembro que o quarto dos meninos
Raminho e Rene era verde e azul (ou talvez verde e lilás) e tinham flâmulas de
times de futebol que decoravam as paredes. René com certeza era torcedor do
Fluminense e Raminho, se não estou enganada, era vascaíno. Lembro que o quarto de
Eleusa era rosa, talvez rosa e azul. Dessa época as recordações mais fortes são
de tio Arnóbio e seus famigerados cascudos, era sua forma de demonstrar
carinho, nada agradável. Saíamos correndo quando o víamos.
René era 9 anos mais velho que eu portanto não me lembro
dele criança, mas cresci ouvindo minha mãe e minha avó contando as peripécias
de René menino, diziam que ele era genioso, que dava pití quando queria uma
coisa, que deu muito trabalho. Não gostava de estudar, o que levou tia Carmélia a entrar no ginásio para ser sua
colega e controlar a situação.
Eu ainda era bem menina quando eles mudaram para Salvador. O tempo foi passando e o cenário mudou, René resolveu fazer vestibular para medicina, todos riram... Impossível, achavam. Até meu pai, cidadão pacato e tímido, disse que vestiria uma saia se ele passasse. E não é que o cara passou, de primeira vez, na Universidade Federal da Bahia?!!!
Nesse interim tia Carmélia e tio Arnóbio se separaram e os
três filhos passaram a morar num apartamento nos Barris. Logo em seguida minha irmã Iris
se juntou a eles para tentar a Faculdade, e 1968 eu fui a última a chegar
também com o mesmo objetivo.
Os quatro já eram
universitários quando cheguei. René, se foi o menino rebelde, virou o jovem
mais sério e responsável da família. Deu duro como estudante, muitas vezes ia
e voltava da Faculdade a pé, porque não tinha dinheiro para o transporte. Nunca
fez farra, não bebia e não fumava.
Ríamos quando ele e nosso primo Eliezer, também estudante de medicina, saíam
para curtir a noite e voltavam em meia-hora.
Era René quem tomava conta da casa e da gente. Era o mais
organizado. Na sua mesinha de cabeceira havia tesourinha, agulha, linha e
outros aviamentos. Se precisávamos de algo tomávamos emprestado silenciosamente
e depois colocávamos tudo no mesmo local. Qualquer deslize, era uma bronca...
René e Raminho eram torcedores do Bahia enquanto eu, Eleusa
e Iris torcíamos para o Vitória só para perturbar. Raminho era o torcedor
apaixonado, René era o racional, analisava e reconhecia quando o time não ia
bem. Dessa forma Raminho se irritava com a nossa gozação e René não dava a
mínima importância
Tudo que acontecia com a gente ele reportava para minha mãe,
tia Carmélia e tia Amelinha, todas fãs incondicionais dele. Ele sempre
preocupado com a irmã e as primas, lembro-me uma vez, em julho de 1969, ficou
na memória pelo evento da chegada do homem à Lua. Os primos Célia e Lula que moravam em São Paulo vieram com alguns colegas passar férias em Salvador, e nesse dia
saímos andando pela cidade a noite (tempos bons quando isso era possível), paramos
na Sorveteria Primavera. Depois de várias degustações alguém resolveu tomar
mais um sorvete que se chamava Beijo Frio, e ofereceu aos demais. Célia respondeu:
Não quero, se pelo menos fosse um beijo quente...
E claro que tomou um corretivo de René.
Rene se formou foi para São Paulo e depois se estabilizou em
Conquista, onde conheceu Marilanda e mais tarde se casaram. O casamento foi uma
surpresa e só mesmo os íntimos que moravam em Salvador participaram. Tia
Amelinha nunca perdoou isso.
Daí em diante só nos víamos eventualmente, em ocasiões
especiais, mas ele continuou o mesmo: simples, generoso e sério. Foi um médico
conceituado, só ouvia as melhores referências sobre ele.
Sabe aquela pessoa que todo mundo só falava bem? Era ele. Ele
era o cara! Vai fazer falta!
Isabel - Maio,2021.
================================
![]() |
Irmãos Barreto: Antonio, Carlos e Florival |
Nota que saiu no Blog do Anderson
Face de Daniela
Mais uma vez estamos em luto.
Ana Luzia, esposa de Hamilton Ipê, nos deixou ontem, após um ano de luta contra uma leucemia.
Essa é a foto que está no perfil de Ana, no Facebook.
Se ela a escolheu é como devemos lembrar dela, com um belo sorriso.
A morte dos outros é a nossa morte. E a nossa morte não necessariamente é o fim de nós mesmo.
Ela sorrateira, a maioria das vezes chega inesperadamente e sempre nos choca, entristece e maltrata. Uns temem, outros a ignoram, mas uma coisa é certa: não existe preparo para esse momento.
A morte é um grande tormento porque foge totalmente ao nosso controle, muito além da dor da perda ela traz a mudança, nos tira da nossa zona de conforto e nos faz refletir qual o nosso próprio significado nesse breve espaço de tempo de mais ou menos mil meses entre nascimento e morte. Somos forçados subitamente a navegar em mares desconhecidos muitas vezes sem nossas melhores referências.
Nós vamos morrendo aos poucos, um pedaço a cada vez que alguém parte. E o tempero com gostinho da casa que não poderemos mais apreciar. A piada sem graça que nos fazia rir que não faz sentido se contada por outra pessoa. ‘E aquele restaurante que a gente adorava, que não é mesmo tão bom assim, nos damos conta que o que era bom mesmo era a companhia daquela pessoa.
‘E meu amigo, a falta de alguém pode ser uma constante presença.
Porém temos que ter a sabedoria de seguir na jornada, nos conectar mais fortemente com quem está ao nosso entorno e não cair no erro de achar que as pessoas estão conosco para sempre.
Que atendamos aos nossos chamados, façamos os que nos agrada e para que nossa morte não seja o nosso fim, que marquemos de alguma forma nossa passagem por aqui para que continuemos vivendo nas nossas histórias que deixaremos e serão contadas pelos outros.
Desde o falecimento de Tio Edinho e meu pai em Dezembro eu tenho pensado em escrever esse texto, porém com as festas de fim de ano acabei postergando. Recentemente, porém a morte parece insaciável e essa visita mensal nos levando ídolos, amigos e parentes tem mexido muito comigo.
O que escrevo é apenas uma reflexão pessoal e talvez eu esteja escrevendo muito mais para mim mesmo que para os outros, mas na esperança que seja de valia para mais alguém.
Hoje com mais essa infeliz notícia do falecimento de Ana me senti motivado a escrever. Dias atrás lendo o maravilhoso texto publicado por Tio Raminho, fui capaz de me colocar no lugar dele e entender o tamanho do amor que ele sente por Ana, hoje me sinto impotente e incapaz de dimensionar o tamanho da sua dor. Em homenagem a ele finalizo com a mesma mensagem passada por ele naquele belíssimo texto..
Lembremos que a vida passa como um relâmpago. E que de alguma forma possamos nos agradecer e nos abraçar de coração pela amizade e o carinho que nós nos dedicamos uns aos outros nas situações mais felizes, como também nos momentos de maior tristeza!
(Texto de Igor)
Gilberto, meu cunhado, pai de meus sobrinhos Igor, Iuri e Ivan. Médico, residente em Itabuna.
Sempre foi um “bom vivant”, era bom companheiro de farras, dançarino excepcional nas festas todas as mulheres queriam dançar com ele, tinha habilidade em contar piadas. Mas normalmente, era uma pessoa tímida e reservada.
Na minha opinião ele teve uma vida privilegiada, curtiu muito a juventude, época de faculdade, com muita mordomia. Seu pai, José Matos, irmão de tio Arnóbio, era cacauicultor antes da vassoura de bruxa. Ele, sendo o único dos 8 irmãos, que fez faculdade, era orgulho dos pais. Tinha mesada liberada, pegava o que precisava, numa empresa de exportação de cacau.
Formou-se, casou com Iris em 1975, mudaram pra Castro Alves e depois pra Itabuna.
Depois da morte de Iris, ele desmoronou, passou por um período difícil. Anos mais tarde encontrou um anjo da guarda, Marta, com quem viveu mais de 20 anos. Sofreu muito nesses últimos 2 anos, por problemas hepáticos, e ela cuidou dele com toda dedicação, até o último momento.
![]() |
Com Igor e Iuri, ainda crianças. |
No seu aniversário de 70 anos |
TEXTO DE NANINHA
O motivo de estamos aqui, agora e tristes....
![]() |
Edinho com Leo e Cristiano |
Texto de Célia
Morei em São Paulo com meus irmãos (e Dona) de 1968 a 1975, quando retornei à Bahia, formada em engenharia civil e casada com Ademário.
Durante este período, queridas pessoas, que vinham a São Paulo geralmente para compras ou exames médicos, hospedavam em nosso apartamento. Não havia whatsapp e telefone existia no posto telefônico e era usado para emergências e datas especiais – dia dos pais, dias das mães e aniversários, natal, etc. Os hóspedes sempre proporcionavam conversas maravilhosas, além das notícias frescas da família e da terra.
Tio Edinho aparecia praticamente a cada 6 meses para comprar charque e bacalhau e, tenho cá comigo, para dar um pouco de atenção aos sobrinhos distantes. Era uma festa todo dia: ia para a escola ansiosa pela chegada da noite para saber das novidades do dia, acompanhadas com o humor e o impressionante tino de observação de tio Edinho das coisas e hábitos paulistanos.
Quando estava na faculdade, tio Edinho ia mais amiúde, pois estava de namoro com Cecília, a irmã de Roberto Falcão, amigo de Lula. Aí a farra já envolvia os sobrinhos e os amigos, quase todos já se sentindo dentro da família: Rodolfo, Abraham e Moisés, entre outros.
Certa noite, saímos para tomar uma biritas. Estávamos de carona com Cecília e, para retornar, tio Edinho fez questão que Cecília ficasse na sua casa e nós iríamos de ônibus para a nossa. Saímos andando pela madrugada, conversando e dando muita risada de tudo, principalmente pelas observações constantes de Tio Edinho a tudo que via. Andando, o dia amanhecendo, chegamos ao Parque de Ibirapuera, onde há um enorme monumento dos Bandeirantes. Não resistimos, subimos no monumento. Aí, aparece a polícia, muito bem armada, nos manda descer, pede nossos documentos e perguntam: “onde vocês colocaram a bomba”? Quase desmaiamos ou quase fomos presos... Finalmente, depois de nos revistar e confirmar que não passávamos de uns tolos deslocados desta época um tanto conturbada politicamente, com sequestros e bombas. Ao chegar a casa, Amélia já estava acordada nos esperando. Tio Edinho contou nossa aventura e, é claro, caladinhos, recebemos o valoroso sermão de Amélia.
Outra noite e em outra visita, saímos para tomar cerveja. Estava um pouco frio, mas não importava, tínhamos os casacos e os casos de Edinho para aquecer. Depois de muita conversa e cerveja, saímos do bar e, ao chegar ao carro, tio Edinho e Abraham chegaram abraçados com uma cadeira de madeira dobrável entre eles. Não sei como coube, mas é certo que entramos todos no meu fuscão com a cadeira. Era madrugada e ao chegar a casa, deixamos a cadeira armada na sala e fomos direto para a cama. Na manhã seguinte, saímos todos cedo para a escola. Quando retornei, estava minha mãe, que coincidentemente estava conosco, sentada com seu inseparável crochê, conversando com tio Edinho. Amélia estava muito brava, dando um belo sermão em Edinho, acusando-o de corruptor de menores por “roubar” a cadeira do bar e exigia que ele retornasse para devolver. Como sempre, o sermão de Amélia não comoveu Edinho, muito pelo contrário, ele argumentou e convenceu a Amélia do valor “histórico e sentimental” da cadeira “roubada”. A cadeira ficou comigo até quando nos mudamos de Vilas para os Estados Unidos, quando distribui a maioria dos nossos móveis pela família. Não sei se alguém ficou com esta cadeira. O certo é que ela, realmente, teve o valor “histórico e sentimental” preconizado por Tio Edinho.
Itaquara, está órfã..
Desde o momento da entrada de Vanessa com Luciano me lembrei do casamento de Ivana, como ela estava vestida de noiva, tão bonita quanto a ...