Evento..... os preparativos
Quando se fala em homenagear Tia Amelinha é sempre uma responsabilidade!
Seja no meio familiar ou em eventos como ontem, o assunto é tratado com muita
responsabilidade, alegrias e saudades....
Tia Norma, sua fiel escudeira, se sacode toda. Avisa à tropa como um
corneteiro!... que todos se preparem
para mais uma batalha!
Assim que houve o convite dessa homenagem ela foi logo aos álbuns de
fotos.O Caravana da Alegria, em sua primeira edição, foi tirado do seu lugar
para virar fonte histórica! Material à mesa, começamos a conversar de
modo ainda manso como faríamos a homenagem!..
Nesse fim de semana, a iminência do evento nos fez correr, acelerar... A
cereja do bolo foi a presença de uma das alunas de D.Amélia: Noélia, bom demais!
As perguntas eram feitas... silêncio era a resposta... e as dúvidas eram
nossas certezas.O que vamos fazer? Quem vai falar? Quais quitutes levar.....Bom......A batuta ficou na mão de Dona Norma!
Tia Noe queria fazer 300 quibes. Ela falou: nada disso, 60 tá ótimo.
Comentei que podíamos levar um Caldo Quente, tipo Vaca Atolada. Tia Noe e Duda
acharam boa a ideia, mas D.Norma falou: nada disso! Quer arranjar trabalho para
nós?
Se meu pai tivesse por aqui falaria ” Normélia é duro na queda” . Qui qui qui....ca ca ca ca....
A primogenitura de tia Noe nada nos serviu, manda quem pode......D.Norma vai ajeitando e colocando todo mundo no bolso. Tia Noe fala que
tia Norma era uma criança muito engraçadinha, todo mundo gostava dela! Isso se
transformou um pouco, continua
engraçadinha, mas meu pai se queixava dizendo que ela era mandona!
Logo quando saiu o convite, tia Norma falou: Naninha vai falar em nome
da família!. Eu ingenuamente falei: Tia, é um evento muito simbólico, lugar de
gente importante. Ela disse: Você vai falar. Já está certo. Coloquei seu nome
na lista.
Diante desse convite, parti para o Caravana, primeira edição. Chorei
muitas vezes pelas lembranças. Não so pelos que se foram, mas de nós... Quantas
vivencias participamos.. de forma cumplice fazíamos de uma prosa um evento. Uma
memoria e muitas histórias. Tudo era inspirador!...
Em Eclesiastes (7:10) tem o seguinte trecho: "
Pois não é sábio fazer tais perguntas. Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes; porque não provém da sabedoria
esta pergunta.
Tempo bom é agora......Coisa Dona Nica....Tempo é agora, mas as lembranças são boas demais...”.bom qui nem lombo”
Uma coisa me acertou no peito de vez.....Bel e Fernando fizeram uma historiografia da família.. O gigantismo
desses dois em perseverar com o jornal nos
deu uma fonte de pesquisa de imensurável valor....Temos nas páginas do Caravana, a essência da existência das nossas
raízes, de quem fomos, o que se passou naquela época.! Os causos do fundo
do Baú de tantos que por lá escreveram....Alem das nossas raízes, temos o contexto de uma época, economia,
política, viagens e até a evolução tecnológica que podemos observar no imprimir
das páginas.
Isabel e Fernando brilharam, mil vezes brilharam... Meu Deus! Bom, dessa
fonte caravanística, partir para o texto em homenagem a tia Amelinha. Desse
texto me deu a vontade de saber tudo sobre Vovó Emília.
Texto pronto... mãos trêmulas...
Pedi auxilio emocional e portuguesistico a Isabel que falou ....” Acho
que vai ser sucesso...”Encorajada, tomei um calmante e partimos. Tia Noe achou por bom tomar. A
sabedoria é algo divino. O choro já tinha passado da garganta. Quem sabe ou não
percebeu, o choro vem vindo, vem vindo, vem vindo até destampar nos zoi.. A pílula
cercou o choro.
A turma de Amelinha tomou grande parte do auditório, ou bombamos ou nem
vamos! Fomos ajeitando.....e assim com jeito amelhistico de ser, saiu tudo
bem.....Para alívio o Profepix. Duda,
chegou a tempo.e resolveu as questões de audiovisual, biscoitenses, e
afins.....Bom ...Inégável que a batuta de Dona Norma sempre funciona.......
Orquestrados e sinfonizados, passamos juntos por uma tarde que valeu muitas décadas....
Até breve!
Naninha
O discurso:
Boa tarde a todos...
È uma honra muito grandes está aqui neste local: Pro_ler....Que nos inspira e que nos uniu hoje para falar de Amelinha...Uma pessoa que teve em suas mãos a arte de agregar parentes, amigos e
colegas, ficaria muito feliz com esse evento!
Tia Amelinha sempre me vem a memória.....o crochê.....a cozinha......e o
querer ensinar o que sabia. Em sua casa quando eu chegava ainda menina,sentia no coração ser minha
casa.....! Um cheiro de novidade! Muitas cores, doces e biscoitos.Um experiência sinestésica de fato!As paredes da sua casa eram cobertas de quadros, o rolo de crochê
próximo ao telefone! duas paixões......croche
e o bate papo!
Não imagino hoje ao que faria tia Amelinha no Whatsaap.....Tinha assunto de Mundo, de família, festas e encontros! Havia sempre projetos em andamento, viagens, livros, visitas, cursos......Era um turbilhão de coisas que faltava-me ar!
A casa de tia Amelinha era um lugar muito bom, muito organizada, tudo no
seu lugar. A organização das coisas era muito característica dela. E se
propusesse a um feito, podia chover canivetes, nada a tiraria do seu rumo.
E se eu perder esse trem.....que sai agora as 11 horas...... isso pouco
provável de acontecer!. O gosto pelo trem das 1 , não a faria atrasar em poucas
hipóteses....
Amelinha é símbolo de amizade....e longas amizades. Dividir o que tinha
de melhor era sua forma de multiplicar. Ensinar era seu propósito! Na cozinha era mestra e maestra! Panelas eram seu instrumento, mas era
com a caneta, que escrevia as notas onde estivesse, em casa....UESB........tinha
o poder da batuta, da simpatia.! Um sorriso de fazer tristeza
gargalhar....
Tia Amelinha foi e continua sendo ainda um esteio filosófico,
feminista da família. Minha geração, as sobrinhas,
carregamos o irreverente, as panelas, a casa e os livros um jeito
amelhistico de ser.O lar ou a escola? Não há dicotomismo nisso! Bastava a sabedoria e isso
não lhe faltou, em compartilhar na sua vida essas duas grandezas
Em 1956 suas irmãs Norma e Noelia foram
morar com ela. Um dos relatos feitos pelas duas em um jornal da nossa
família, revelaram ...”vc nos ensinou a costurar, bordar, lavar,
engomar...cozinhar, ler bons livros e ouvir musicas.....”
Ensinar......
Ela um dia ela escreveu sobre seus irmãos...Joao...um do mais
velhos....” juntos fizemos balas para vender no campo de futebol, no domingo a
tarde (quando chovia chupávamos as balas) Tecemos sapato de macram~e para
vender...
Fazer.....
Outra historia é quando tia Noe nasceu, ela queria que seu nome fosse
Zenith, uma marca de caneta da época....” Minha avó sabiamente não aceitou...
Aprender....
Edinho o mais danado de todos, meu pai diga-se de passagem, ela conta
....” em 1946 voltei para salvador, trazia na mala vestidos novos, pó de arroz,
esmalte para as unhas e batom. Um dia ele gastou meu batom vermelho da época,
pintando o jumento.....
O perdoar......
Uma dia Tia Amelinha foi passar umas férias com vovó Emilia e lá
ficou por quase cincos anos.....! Em um dos seus relatos ela conta que sua avó
“Ensinou a ler...escrever....remendar...fazer beiju...torrar café....e outros
trabalhos, quando queria aprender..Lia todas as noites, dela herdamos o gosto
pela leitura”
Mesmo ao voltar para casa, tia Amelinha nunca perdeu o vínculo com sua
avó....Em 89, ela transcreve a carta da sua avó, para conhecimento de todos nós
“ Fazenha Onha , 30 de agosto 52
Amelinha , amável neta,
Abraço -te
Veio-me as mãos tua amável cartinha , o que muito me alegrou , junto o
retrato do nosso Luís Carlos. Achei muito engraçadinho.
Nice ainda continua gorda, eu vou passando no mesmo. Então , ainda
desejas que eu vá passar dias contigo? Pois filha não acho possível fazer-te
está vontade. Conheço que não posso fazer viagem longa, o nosso amor é
constante mesmo de longe.
(Termino sem mais assunto. Fau, Nice , Maurio enviam lembranças para
todos. Abraços para Arlindo, os queridos filhinhos. Para tu um abraço da vo que
muito estima .)
Emília “
Tia Amelinha aproveitou.....aprendeu o que quis e o que lhe fora
possível! Se inspirou para a vida e para os livros, ou seja para o Mundo!
Amelia é um exemplo de que a Educação transforma!
Obrigada.
Naninha
Comentário de Ivana
Disse tudo com maestria e fidedignidade revelando toda a essência da nossa amável e eterna vovó Amélia. Mainha vive dizendo " como Ivana parece com Amelia" ....ouvi isto desde pequeninha. Neste tempo tinha muita raiva de parecer com ela, pois o que ouvia sobre ela era sempre que era muita chata, exigente....."um porre". Depois de um tempo, que enxerguei a vovó Amélia em mim, como amo ser comparada a ela. Até mesmo nas esquisitices de provar os ingredientes enquanto cozinha ( lingüiça crua inclusive rsrsrs)....e assim minha mãe me observa e diz " parece Amélia demais" e a felicidade invade meu ser! Quanta honra parecer com vovó! Saudades Eternas! 

Ivana