A porteira da balança é de correr, uma porta muito resistente para conter um boi, desde os pequenos até alguns enormes, para isto é feita de madeira maciça e é muito pesada.
Uma porteira de correr tem duas polias na parte de cima assentadas sobre um trilho e a porteira dependurada com uma canaleta que serve de guia na parte de baixo.
Tem uma alça pela qual você puxa ou empurra para abrir e fechar a porteira, tudo isto para facilitar o abrir e fechar da porteira.
Ela não pode ter descaida, se a descaida for para ela ficar fechada no descuido ela fecha na frente do boi ou vice versa, então ela tem duas “lombadas” para segurar a porteira totalmente aberta ou fechada.
Em tempos passados, a porteira original de fábrica foi se desgastando, desgastanto, até que um dia parou de funcionar, quebrou uma polia.
A fábrica já havia fechado ou não vendia a peça em separado, então comprei uma polia de tamanho semelhante, pois igual não vai ter e um trilho novo.
A partir dai a porteira da balança passou a ser a minha porteira da balança.
Devido ao acaso do azar ou sorte, tivemos a sorte, foi quando a porteira em sua nova instalação foi albaroada por um boi de 387 kg em frente a tio Charles.
Tio Charles nem piscou o olho quando o boi, a porteira, o trilho e as polias todas peças desmontadas, parassaram por ele como um vendaval.
De noite foi que deu tremedeira na perna de tão grande que foi o perigo.
No dia seguinte fomos refazer a instalação com todas as soldas muito reforçadas, para conter bois de todos os tamanhos, mais “quá”.
No mesmo dia um boi albaroou a porteira, entortou as travas de segurança, os parafusos de ajuste para deixar a porteira sem descaida e escafedeu-se.
De novo, refazer a instalação das polias da minha porteira. E fazer o que?
A solução é abrir a porteira quando o boi não estiver olhando, pois se você der um trisco na porteira para abrir com ele olhando, vem de lá uma montanha de carne, em uma velocidade tal que quebra tudo.
Até parece que ele sabe que esta na balança e tem pavor, medo e paura de saber o peso, como muitas gentes que conheço. Fuga de balança.
Assim, abri um buraco na parede para, em posição de abrir a minha porteira, que como disse, não é mais de modelo fabricado, enxergar o boi para observar para onde ele esta olhando.
E ai, tenho encontrado cada tipo… O mais perigoso é o que eu chamo de cururu- fica parado na frente da porteira, com a trazeira rebaixada pronto para agir, se começar abrir a porteira ele vai. Com este não tem acordo.
Começo a cantar uma musiquinha para ele achar que a saída é por outro lugar e sair da posição e dali.
O nervoso logo se cansa e vai procurar outra saída , ai eu abro a porteira com segurança.
O boi vai lá e vai cá, abaixa a cabeça e vai de um lado para outro da balança em busca de uma abertura para sair, é só esperar ele procurar a abertura onde não tem que eu abro a porteira.
O boi rodopio fica girando perto da minha porteira, em “livusia”, quando ele vira a cara para fora da porteira eu abro, e na próxima rodada ele encontra a porteira aberta e se vai.
O boi driblador é perigosissimo para quebrar minha porteira, ele vira a cara para fora da porteira, começa a virar o corpo e fica de rabo de olho na porteira, se abrir nesta hora ele dá o drible e parte para quebrar.
Mais também tem bois calmos, o boi lorde inglês fica parado a uma distância civilizada da porteira, aguarda a abertura da porteira e sai, na maioria das vezes.
Nesta vacinação, teve um boi que olhou para fora e viu que estava chovendo.
Deu ré e parou, eu sei que boi não fala, mas acho que ele quis dizer que ia esperar a chuva passar.
Esperamos chegar as cinco pessoas que estavam trabalhando na vacina para ficar gritando e enfim ele sair.
Quem diria, tudo começou com uma peça da porteira da balança quebrada e agora eu fico a olhar boi para saber se pode ou não abrir a porteira.
Achei que era facil fazer o conserto e nem imaginava os finalmentes. Mas estou me aprimorando, nesta vacinação a minha porteira da balança não foi agredida nenhuma vez. Uma glória.
Duda, em isolamento social, na Fazenda Havahy em 22 de maio de 2020
Este texto foi escrito para convidar a nova geração, Joaquim, Duda, Nanda, Malu, Mateus, Rico, João, Maju, Rafinha, Luiza, Marina e Bento também, a ganhar tempos preciosos - escrevendo.
Vem ai o primeiro veraneio virtual.
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3 comentários:
Duda
Com os cachorros e gatos que tivemos, acredito que os animais emitem importantes sinais, nem sempre detectados pelos humanos. Gregório, o nosso gato em Vilas, sabia quando eu estava chegando (o ônibus parava 300 metros da casa); em Dias D’Ávila, os cachorros sumiam quando programávamos o banho.
Há algum tempo assisti um filme impressionante (Temple Gardin, 2010). Este conta a história de Mary Temple, autista, que revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros. Depois deste filme, reforcei minha crença nos sinais emitidos por animais, os quais, infelizmente, nem sempre temos o sentimento (ou instrumento sensitivo) adequado para captar. Recentemente um passarinho que temos em casa emitiu alguns sinais de descontentamento, totalmente finalizado depois que Ademário colocou a água de banho. UAU!
Continue observando seu gado nas diversas situações: eles informam, nós, infelizmente, podemos continuar a consertar a porteira sem, no entanto, entender o comunicado.
Bom post, irmão. Embora você não seja autista, tenta juntar o conhecimento e o procedimento científico com a observação de comportamento do ser vivo. Desejo sucesso nesta empreitada.
Célia
A nossa região ainda não cogita adotar os principios dos trabalhos de Temple Grandin. Tenho muita vontade de implantar os métodos dela aqui na fazenda, mas com a diferença cultural existente se torna um trabalho de longo prazo. Mas ficam os planos com 20 anos de diferença.
Duda
Arlindo, ao desbravar o Havaí, estimulado por seu espírito "socialista", comprou fogões de ferro de lenha para o povo da fazenda (acho que comprou na Imperial de Inocêncio - vendidos por Eliezer ou Fernando?). Mais tarde, vislumbrou a possibilidade de trazer água da serra e, com a consultoria de Eliú, jovem engenheiro conhecedor da ciência da topografia, colocou água corrente na sede da fazenda, com "puxadas" para as casas dos operários, que já não eram tantos pela preferência do fazendeiro de criar gado de corte.
Conta a história que vovô Martins foi um teimoso empreendedor, e assim promoveu avanços na região de Iguai quando trouxe a usina; Arlindo, por mais contraditório que tenha sido, mudou a região, com sua ousadia de tratar o povo da fazenda como gente e de trazer inovações com ajuda da tecnologia e possibilidades reais.
Não desanime. Conserte as porteiras quebradas, mas continue buscando entender a boiada e comece a mudar procedimentos...
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