Agradeço até hoje o meu trabalho que me ajudou a sair de uma depressão causada pela chegada da menopausa, o trabalho me dá forças para sair de casa, para sair da cama, para me arrumar, levanta a minha autoestima. Mesmo trabalhando em casa faço minha rotina de acordar cedo, sentar no computador e tentar trabalhar, mesmo que não tenha um dia produtivo. As pessoas são diferentes, e este é o meu jeito de ser.
Nesta quarentena vou dois dias na empresa, ficamos uma semana sem ir devido os diretores (donos da empresa, irmãos e idosos) serem diagnosticados com Covid. No início só achava que era um, quando voltamos ao trabalho soube que foram os três, mas já estavam curados e de volta ao trabalho. Não tenho contato direto com eles, mas fiquei receosa. Ia até fazer o teste mas Vanessa me explicou direitinho e se depois de 7 dias não desenvolvermos nenhum sintoma, não estamos contaminados, mesmo se fomos assintomáticos o período de incubação é durante este sete dias, achei desnecessário fazer o teste, vamos parar de neuroses.
Como estou me sentindo nesta quarentena? Tranquila, evitando desesperar, evitando extremos, me cuidando na medida do possível. Agradeço por me pegar em um período em que não tenho mais aquela necessidade de sair de casa, ir para a balada, acho que se tivesse mais nova ia sentir falta.

Antes de começar a quarentena, teve uma festa de uma colega de faculdade, que estava comemorando a sua aposentadoria da Petrobrás e a cura de um câncer, estava aquela polêmica se teria ou não, alguns colegas que tinham chegado de viagem do exterior, gentilmente declinaram do convite, a festa aconteceu e foi muito divertida, não teve nenhum caso relatado, realmente tivemos sorte. Mas não me arrependo de ter ido.
E veio a quarentena, leis fechando academias, shoppings,eu saindo o mínimo possível, só para ir no mercado, farmácia e 02 dias no trabalho. Aí teve uma economia, não precisei colocar gasolina desde início de abril e o tanque está com quase pela metade.
Na primeira semana da quarentena, Mateus apareceu com os sintomas de gripe, imediatamente soube que tia Noe viria aqui para casa, fiquei super feliz, mas resolveu ficar na casa de Ivana, e Vanessa por ser da área de saúde veio par cá. Agradeço a presença da minha sobrinha durante este período, pena não ter ficado mais tempo, foi muito bom a convivência, ainda me lembro dos nossos momentos juntas vendo filme e séries no final da tarde, final de semana fazendo uma farrinha, fazendo comida, realmente uma companhia maravilhosa. Vemos que o dia a dia não nos permite conhecer e conviver melhor com pessoas tão próximas e queridas.
A primeira ordem que foi dada, dispensar a faxineira e pagar a faxina mesmo não trabalhando, consegui fazer isso só a primeira semana, aumentei meu gasto com produto de limpeza, lavei banheiro, passei pano na casa, isso tudo no final de semana e digo que cansei, ainda consegui colocar umas roupas na máquina, mas passar ferro, nem pensar. A cozinha sempre deu para administrar, lavo pratos diariamente, faço minha comida sem problemas, mas o resto da casa para mim é difícil, meu lema "vivo sem marido, mas sem faxineira impossível". Minha faxineira está vindo como sempre um dia por semana (mesmo quando Diego morava aqui), no início vinha de ônibus, hoje tenho o prazer de ir pegar e levar. Célia é mágica, dá conta de tudo, em um dia lava, passa, arruma, se precisar faz comida e deixa minha casa um brinco. Todos os dias agradeço a todas que trabalharam comigo, sou uma mulher de sorte, sempre me trataram com muito carinho.
Segunda ordem, álcool gel. Fernando veio trazer para mim logo no início que estava em falta, hoje já achamos em todos os lugares. Mas lavar as mãos é igualmente eficaz.
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Máscara 3D - Produção Norma / Noélia |
Quarta ordem, sapatos. Já me acostumei a deixar os sapatos na porta de casa. Condomínios mudaram regras para permitir esta nova rotina, conheço mais os sapatos dos vizinhos do que eles que quase não vejo. E haja pesquisas de qual percentual usar, tapetes embebidos em produtos de limpeza. Controvérsias a parte, dizem que a transmissão por sapatos é quase nula, mas como somos animais condicionados continuamos fazendo no automático.
Quinta ordem, desinfectar. Chego do mercado, lavo as frutas, às vezes lavo as latas de cerveja, os refrigerantes, o restante nem pensar, os sacos nem pensar, não passo álcool em tudo. Minha cunhada Anamira sempre fez isso mesmo antes da pandemia, aí cada um tem suas regras. Tirar e lavar as roupas assim que chegar em casa, fiz logo no início, hoje não faço mais. Só uso o álcool gel quando vou às compras, em casa lavo as mãos. Lilian usou tanto produto que começou a sentir alguns sintomas, mas fez o teste e deu negativado. Muito produto de limpeza pode matar.
Acho que estas foram as muitas das minhas rotinas alteradas. Como não peço comida fora nem pego Uber não tenho opinião formada.
Vejo que as pessoas estão com medo e evitando o máximo o contato social, pelo menos no meu círculo familiar e de amizades.
Dos amigos, os únicos que vieram a minha casa foi Grace, Priscila, Socorro, chamei minha estagiária um dia para almoçar comigo uma costela e Larissa (minha afilhada), o filho Ben e o marido que passaram uns dias comigo até alugar um apartamento. Veio também um funcionário fazer a dedetização e o zelador do prédio que pega o lixo todo dia.
Minha companhia frequente é Socorro, que quando vai chegando final de semana aparece aqui em casa e tomamos umas cervejas e comidinhas. No início de abril fomos juntas para Conquista de carro, fomos na fazenda, foi muito bom, ver a família toda, matar as saudades, andar de cavalo. Como sempre muita comida. Teve o dia da caipirosca de cajá (de tarde fiquei com Duda, filha da amiga de Joana catando as que caíram do pé) que Socorro fez. Não costumo tomar bebida quente pois fico logo enjoada, mas quando experimentei estava tão gostosa que deixei a cerveja de lado e fiquei muito alegre, falando pelos cotovelos, fui dormir e acordei muito bem. Falo que a culpa é de Serginho, pois não estou conseguindo beber muito e depois que ele disse isso caí na caipirosca. Foi mágico, ficamos na beira da piscina, conversando, bebendo, comendo, um momento ímpar.
O filho de Lari tem 8 meses, pense em um menino alegre, acorda e dorme rindo. Quase não dá trabalho, mas criança por menos trabalho que dá, cansa, quase desisti de ser vó. Me lembrou Diego quando era pequeno. Sempre disse que queria ter 10 filhos, mas com 10 babás, não tenho coluna para cuidar de um bebê.
Recentemente soube que Felipe e David estavam no Village de Robinho, falei com Felipe e ele não se opôs a visita-los. Fui no sábado pensando em voltar no mesmo dia, mas Robinho, Janete e Juju chegaram mais tarde e a gente terminou dormindo lá. Que maravilha foi, andar e tomar banho de mar. Tinha muita gente pois a Praia do Flamengo não foi fechada. Precisamos de sol, precisamos de água do mar para aumentar a nossa imunidade.
Fernando me chamou para almoçar com ele, passamos uma tarde super agradável, creio que o isolamento total não é nem um pouco saudável, vamos verificando e se não tiver contato ou sintoma, com todo o cuidado podemos interagir. Ah, o espaguete à arrabiata com carne moída estava deliciosa, mas delicioso ainda foi matar as saudades.
Esta semana fui visitar tio Edinho, conversa vai, conversa vem, lembrando dos causos passados foi uma nostalgia só. Lembrou das malas de balas que ele levava para Conquista quando a gente era pequeno e jogava do alto da escada (naquele tempo bala era como ouro, muito difícil, hoje se fizer o mesmo os meninos nem tchum), era uma festa só e esperávamos sempre ansiosos a chegado do tio Au. Lembramos também do tempo da Leste, ah, aquela mortadela, até hoje me dá água na boca, não existe igual, tem gosto de infância, ele contou que até hoje não esquece dos olhos de Serginho arregalados olhando aquela mortadela (que naquele tempo também era como ouro) e comendo até passar mal, era uma fartura só.
Não vou falar de política, nem de futebol e nem de religião, são temas polêmicos e chatos. Seria tão bom se as pessoas tivessem suas opiniões e não quisessem convencer ninguém de nada. Acho que todos estão certos nos seus credos, quem sou eu para julgar? Acho que a única coisa que faz mal é o fanatismo.
4 comentários:
Muito legal, Anete. Textão, mas bom de ler. E o final foi 10, realmente política, futebol e religião, cada qual com suas crenças!...
Vou publicar meu texto de Quarentena, também....
Gostei do "vamos parar de neuroses". Dessas que citou as únicas que não fiz foi lavar as compras e colocar um pano com água sanitária para os sapatos. Sapato de rua não entra em casa isso eu já tinha aprendido! Tomar banho assim que chegar da rua eu tento, mas a roupa troco sim. ;)
Adorei....um breve diário.
Penso até escrever sobre esses dias.
Mas eh isso mesmo...
Lembro só de Minha avó...conversando...com a tia de Noélia...
Oh Baldina...tu mora com quem?
Oh Dona Nicacia, moro com Deus!
Hummm, então.mora só!
No final estamos sozinhos em.nossas casas, as redes sociais, quando não perdemos o primo, eh uma boa saída....as vezes.
*prumo
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