domingo, maio 17, 2020

Cultura come estratégia no almoço

É, eu sei, o titulo parece meio maluco, mas vamos explicar. Esse ano de  2020 completam-se 30 anos do retorno ao estado democrático no Brasil.  Fernando Collor tomou posse em 15 de março de 1990. Desde então se vê um processo curioso no pais, sucessivamente e praticamente com todos os presidentes, eleitos por voto popular, existe o desejo de parte da população de tira-los do poder durante a execução do seu mandato.
O fato curioso é que pelo que se saiba o povo lutou pelo direito de voto e o retorno a democracia, porem age antidemocraticamente no momento que é incapaz de aceitar que o candidato oposicionista venceu a eleição. Essa é apenas uma das incongruências das atitudes dos brasileiros.

Porem a maior incoerência mesmo é em relação a corrupção. O brasileiro é aquele sujeito corrupto no seu dia a dia, é a “cervejinha” para o guarda de trânsito, aquela amizade no serviço público para levar vantagem, burlador de leis, etc., mas quer uma classe política idônea e honesta acima de qualquer suspeita. Acorda criança! a classe política é apenas uma amostra e reflexo do que nos somos como sociedade, ou mudamos nós mesmos ou nada muda. É a cultura da corrupção almoçando a estratégia de busca de honestidade através da troca de  presidentes.

Como disse Confucio:
“ Para colocar o mundo em ordem, nós temos que colocar a nação primeiro em ordem; para colocar a nação em ordem, nós temos que colocar a família primeiro em ordem; para colocar a família em ordem, nós temos que cultivar nossa vida pessoal; e para cultivar nossa vida pessoal, nós temos que, em primeiro lugar, colocar em ordem nossos corações.”
Ultimamente os mais fanáticos, inocentes ou ignorantes, têm concentrado suas forças em acabar com o poder legislativo e judiciário uma vez que os mesmos veem o atual presidente como o bastião da honestidade e o grande salvador. Gostaria de lembrar que a tripartição de poderes tem uma razão de ser, e a razão é distribuir e equilibrar o poder. Como bem dizia Montesquieu, criador do atual modelo tripartite,  a concentração de poder tende a gerar o abuso do mesmo”, e o fim deste modelo pode nos levar a tirania que é classificada por Platão o pior dos sistemas políticos, pois “ O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”, Lord Acton.

Política não é futebol nem religião, portanto senhoras e senhores a mesma deve ser exercitada com a cabeça e não com o coração. Clamo mais uma vez pela razão e pela análise critica. Me espanta a quantidade de pessoas com alto nível educacional que segue persistindo na ideia de que Bolsonaro está correto e todo o mundo, literalmente, está errado. Compartilho e entendo o medo do retorno do PT ao governo, porem não podemos simplesmente fechar os olhos e seguir cegamente quem quer que seja, temos que ser críticos!
Acordemos para os fatos de que mudanças são longas, lideres messiânicos tidos como salvadores são uma mentira e que é possível fazer um impacto muito maior na sociedade se focarmos nossas forças na mudança do que está em nosso entorno. Para mudar a pirâmide é preciso trabalhar na base e não no cume.

O provocador

3 comentários:

Celia disse...

Excelente reflexão. Obrigada por redigir tão claramente meu pensamento.

Bel B disse...

Concordo que a corrupção faz parte da nossa cultura. E cultura não se muda facilmente. As pequenas infrações fazem parte do nosso cotidiano. Quem não tem pecado que atire a primeira pedra!... Quando mais vemos corrupção, mas temos vontade de sonegar imposto, então não sabemos quem nasceu primeiro, se foi o ovo ou a galinha.

Cada dia mais descrente, penso que não podemos esperar comportamento de japonês aqui no Brasil. Entendo que a base deve ser corrigida, mas também vejo que o comportamento das pessoas é reflexo de quem está em cima. Quando o governo tem credibilidade há uma tendência do povo melhorar também. Lembro no governo Sarney enquanto se acreditou no Plano Cruzado apareciam ações de cidadãos comuns, até para fechar mercado.

Outro exemplo foi o Chile (acho os países da América do Sul iguais) que quando se estabilizou, a população fazia questão de pagar imposto.

Cristiano Barreto disse...

Provocador, então nos diga o que é preciso fazer para mudar a base e a partir daí passar a votar melhor para no futuro termos governantes que representem uma base populacional honesta com uma cultura que promova a estratégia, isso não existe meu nobre, me diga então, os EUA esperaram que os ingleses fossem embora para se desconectar da Inglaterra ou teve uma hora que tiveram que matar ingleses? O comunismo é implantado com a conscientização da base ou é com uso da força? Nunca houve na história mundial um caso de se esperar uma uniformidade da base (acorda criança!).

A cultura que come a estratégia não é a cultura da corrupção na base, quem come a estratégia é a cultura dos nossos governantes que usam dessa “cultura” para fazer passar método. E qual é o método?, é o mesmo que descreveu, ocorre em um momento apropriado, fora dos holofotes e com muita prudência negociam-se nossos impostos, simples assim. Em linhas gerais o método é esse, não é à toa que falar abertamente o que vier na cabeça ganhou a eleição. O método da corrupção nunca foi explicito e nunca foi direto daí é preciso uma prudência que beira a sofisticação, é tudo aquilo que vemos no PSDB.

Agora imagine que se realmente seguirmos sua teoria (que tem base) como funcionaria a cabeça de nosso governante se eu partir do pressuposto que eu governo para um bando de ladrões?, o que ele deve fazer? Se for ruim, terá sido bom, Se ele fizer um pouco terá sido muito, pois o povo não merece – são ladrões! Não é mesmo? ESSA É A VISÃO QUE PRODUZ SALVADORES DA PÁTRIA. Enquanto justificarem que a população é corrupta, perderemos o direito de reclamar. O resultado disso está explicito em Wilson Witzel.

Lutar contra um traço cultural tão entranhado não é fácil, pior ainda mais quando é “celebrado” por brasileiros ilustres e em posição de comando, “celebrado” como jeitinho de ser. Tem um vídeo do Lula, quando presidente, caçoando de um homem pobre que achou uma mala de dinheiro na rodoviária e devolveu ao dono, caçoar da ingenuidade é um dos traços dessa “cultura”.
https://www.youtube.com/watch?v=OnxTaEvZ5H8

Essa coisa de não admitir que a coisa siga por uma via radical, quando não temos outra via para mim é nítido como forma de não mudar, ok, você dirá que o Bolsonaro não é honesto, bem, eu lhe diria, não é tão ladrão como as opções e além disso traz uma verdadeira indignação, em resumo: não temos opções fora dele, se houverem apresente-as, tenho curiosidade em saber.

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