A morte dos outros é a nossa morte. E a nossa morte não necessariamente é o fim de nós mesmo.
Ela sorrateira, a maioria das vezes chega inesperadamente e sempre nos choca, entristece e maltrata. Uns temem, outros a ignoram, mas uma coisa é certa: não existe preparo para esse momento.
A morte é um grande tormento porque foge totalmente ao nosso controle, muito além da dor da perda ela traz a mudança, nos tira da nossa zona de conforto e nos faz refletir qual o nosso próprio significado nesse breve espaço de tempo de mais ou menos mil meses entre nascimento e morte. Somos forçados subitamente a navegar em mares desconhecidos muitas vezes sem nossas melhores referências.
Nós vamos morrendo aos poucos, um pedaço a cada vez que alguém parte. E o tempero com gostinho da casa que não poderemos mais apreciar. A piada sem graça que nos fazia rir que não faz sentido se contada por outra pessoa. ‘E aquele restaurante que a gente adorava, que não é mesmo tão bom assim, nos damos conta que o que era bom mesmo era a companhia daquela pessoa.
‘E meu amigo, a falta de alguém pode ser uma constante presença.
Porém temos que ter a sabedoria de seguir na jornada, nos conectar mais fortemente com quem está ao nosso entorno e não cair no erro de achar que as pessoas estão conosco para sempre.
Que atendamos aos nossos chamados, façamos os que nos agrada e para que nossa morte não seja o nosso fim, que marquemos de alguma forma nossa passagem por aqui para que continuemos vivendo nas nossas histórias que deixaremos e serão contadas pelos outros.
Desde o falecimento de Tio Edinho e meu pai em Dezembro eu tenho pensado em escrever esse texto, porém com as festas de fim de ano acabei postergando. Recentemente, porém a morte parece insaciável e essa visita mensal nos levando ídolos, amigos e parentes tem mexido muito comigo.
O que escrevo é apenas uma reflexão pessoal e talvez eu esteja escrevendo muito mais para mim mesmo que para os outros, mas na esperança que seja de valia para mais alguém.
Hoje com mais essa infeliz notícia do falecimento de Ana me senti motivado a escrever. Dias atrás lendo o maravilhoso texto publicado por Tio Raminho, fui capaz de me colocar no lugar dele e entender o tamanho do amor que ele sente por Ana, hoje me sinto impotente e incapaz de dimensionar o tamanho da sua dor. Em homenagem a ele finalizo com a mesma mensagem passada por ele naquele belíssimo texto..
Lembremos que a vida passa como um relâmpago. E que de alguma forma possamos nos agradecer e nos abraçar de coração pela amizade e o carinho que nós nos dedicamos uns aos outros nas situações mais felizes, como também nos momentos de maior tristeza!
(Texto de Igor)
3 comentários:
Igor, vc depositou todo o seu coração nesse texto.
Essa é a realidade e não podemos fugir dela.
Parabéns
Beijos
Fiz um esforço enorme para conter a emoção e consegui ler o texto na Cerimônia de Cremação de Ana.
Esse é o nosso destino. Por mais que saibamos que nossa hora vai chegar, o inconformismo sempre nos pega de surpresa. O bom é saber que Ana viveu intensamente e que teve todo apoio nas horas difíceis.
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