Aproveitando
a proximidade com Seattle (10 horas de voo), ao final de 2013, visitamos o
Japão. Eu e Ademário tínhamos curiosidade para ver como este povo vivia numa
ilha relativamente pequena, conhecer um pouco de seus costumes e tudo mais que
pudéssemos observar em três semanas. Passamos a primeira semana em Tóquio, a
seguinte em Kioto, e a última em Tóquio outra vez. Ainda em Seattle, compramos
um passe de trem que nos dava direito a viajar no famoso trem-bala para onde
quiséssemos dentro da ilha.
Este ano,
decidimos visitar a Coreia do Sul, país também oriental, bem próximo do Japão
(1 hora de voo). Do mesmo modo, compramos um passe para trem antes de chegar no
país. Passamos uma semana em Seul, a seguinte em Busan, e a última em Seul novamente.
Imaginávamos
que, sendo os dois países próximos e habitados por asiáticos, haveria bastante
semelhança entre eles. Aos poucos, descobrimos algumas semelhanças e muitas
diferenças.
O sistema de
transporte é impressionante no Japão. Os trens, muito bonitos, correm a alta
velocidade, em todas as direções, sem nenhum atraso, coisa de dar inveja a
qualquer orgulhoso inglês de seu cumprimento com horários. Os trens misturam-se
ao metrô nas cidades. As estações, enormes, chegam a ter quarenta saídas. É
preciso consultar o mapa para descobrir como chegar à saída que se quer. Se
errar, sabe-se lá onde está. E é tudo muito rápido, mas o sistema de informação
de metrô e trens no Japão é milagrosamente fácil de compreender. Na Coreia, já
não há bastante trem em todas as direções. Deixamos de visitar duas cidades interessantes
porque não havia lugar no trem. Além disso, as estações de trem e metro são
quase sempre separadas.
Japão é uma
ilha física, rodeada de água por todos os lados; a Coreia do Sul é uma ilha
política – sua ligação ao continente ocorre apenas pela Coreia do Norte, país
inimigo comandado por um terrível ditador (possivelmente o sistema político sonhado
pelo nosso governo atual).
O Japão é um
país considerado de primeiro mundo há muito tempo; a Coreia do Sul, em quase
trinta anos, passou da posição de terceiro para primeiro mundo. Em algumas
portas de banheiro, há fotografia e instruções de como usar o vaso sanitário
ocidental (usam também o vaso turco, cuja posição é agachada).
Elegantes trens japoneses
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Instruções na porta de banheiros públicos na Coreia do Sul |
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Estudante japonesa - saia curta e máscara |
Em que pese
todo este avanço, o coreano ainda é agreste, parecido com os brasileiros: empurram,
puxam e passam na frente dos outros, enquanto que os japoneses são extremamente
educados, até mais civilizados que os americanos, distantes, mas muito simpáticos.
E como são elegantes! As mulheres, com suas saias curtas, sapatos de salto fino,
bastante alto, andam naturalmente vários quilômetros dentro das gigantescas
estações de trem e metro como se estivessem de sandálias e roupa esportiva; os
homens, a maioria de terno preto durante os dias da semana, carregam pastas de
couro, sapatos de couro e bons relógios, todos de grifes bastante conhecidas no
ocidente. Muitos usam máscara.
Falando
nisso, se alguém vem aos Estados Unidos e se encanta com a Macy´s ou a
Norsdrom, se encantaria mais ainda no Japão. Existe uma quantidade de lojas de
departamento, cada uma mais luxuosa que a outra (na Coreia do Sul só havia uma grande
em Seul). As lojas de departamento no Japão geralmente têm um ou dois pisos
para venda de comida e alguns restaurantes fast
food, vários pavimentos com perfumes, roupas, relógios, bolsas, coisas de
casa, livraria, etc., e quimonos; os dois pavimentos superiores são de
restaurantes.
Aí vem a
parte da comida. Os restaurantes, tanto os japoneses como os coreanos,
apresentam o cardápio com o nome do prato e, felizmente, a fotografia
correspondente. Também na vitrine, a maioria apresenta seus pratos com comida de
plástico, muito bem preparados. Em Kioto, poucos restaurantes tinham cardápio
em inglês, o negócio era ir pela foto ou pelo aspecto prato com comida de
plástico mesmo. A grande diferença entre os dois países é que não gostamos da
comida japonesa, mas adoramos a coreana. No Japão, desistimos logo de tentar
comer nos restaurantes com comida local e partimos para os italianos,
espanhóis, alemães ou qualquer outro que encontrávamos. Na Coreia,
experimentamos e gostamos da comida coreana, além da vietnamita e tailandesa,
que encontrávamos mais facilmente do que no Japão. Eles usam muitas porções de
verduras e muita, mas muita mesmo, pimenta.
Cardápio japonês
Comida coreana
Na Coreia do
Sul, ficamos encantados com os mercados de peixes, pelo seu tamanho e
variedade. Peixes e frutos do mar esquisitíssimos. Há também muitos outros
mercados que vendem de tudo: roupas, tapetes, brinquedos, móveis, livros, etc.,
além das barracas de comida – tanto nestes mercados como nas ruas – também com
uma variedade impressionante de comida. O que mais me desagradou, foi ver gente
comendo polvo vivo. O bichinho, pequenino, cortado com tesoura, ainda se mexia
no prato do glutão.

Comida de rua
Comida nos mercados
Comida nos mercados - tem até pé de porco
Mercado de peixes e frutos do mar - uma festa
Caranguejo King - outra festa
Também se vende peixe e frutos do mar nas ruas (não é muito higiênico, não)
Já no Japão, não
se come nem bebe nas ruas. Em viagens de trem, eles levam sua comida que compram
geralmente na estação mesmo, comem e depois, milagrosamente, dão fim no lixo. É
tudo muito discreto. Outra situação que impressiona: as crianças viajam
bastante com os professores para conhecer cidades históricas. Em todo lugar se
vê grupo de crianças, desde muito pequenos, cada turma com chapéu de uma cor,
educadamente seguindo seu professor.
Pequenos estudantes japoneses impressionados conosco, ocidentais
Modelo das casas dos samurais
Falando em
lixo, isto foi outro aspecto muito interessante: não se encontram recipientes
para coleta de lixo nas ruas em nenhum dos dois países, nem mesmo nos banheiros
públicos, mas também não há lixo nas ruas (!!??) Os japoneses sempre têm uma
toalhinha na bolsa ou no bolso para secar as mãos, pois não há papel para isto
nos sanitários e nem todos dispõem de secador elétrico.
Um
comportamento “moderno”, mas desagradável, que observamos na Coreia do Sul é o
uso generalizado dos equipamentos eletrônicos. No metrô e nas ruas, todos estão
de cabeça baixa mexendo no seu celular, iphone, ipod, etc.
A cultura,
tanto a japonesa como a coreana, nos é estranha. Sabemos pouco destes povos.
Tive uma colega japonesa na universidade que me falava sempre de como as coisas
funcionavam por lá e assim compreendi alguma coisa que vi, mas, mesmo assim,
faltou alguém para nos ajudar a desvendar melhor estes países – Ivan teve mais
sorte, pois levou sua própria guia para o Japão, e Igor e Rose conheciam uma
brasileira na Coreia do Sul. Enquanto tínhamos um guia turístico (livro) para o
Japão, que compramos ainda no Brasil, encontrar um guia para a Coreia do Sul
não foi fácil. Depois de percorrer livrarias em Seattle e vasculhar o
amazon.com, compramos um que não me agradou. Só tratava de banalidades. O jeito
foi ler os blogs e perguntar no centro de turismo (nem na estação de trem
principal de Seul não havia um centro de turismo!).
As duas
viagens foram ótimas. Ademário diz que gostou mais do Japão, eu digo que gostei
mais da Coreia do Sul, assim ficamos divididos, com motivos para voltar a estes
dois países novamente, ou então explorar algum outro pela Ásia.
Templo japonês em Nara - primeira capital do país
Desfile comemorativo na Coreia do Sul