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terça-feira, dezembro 26, 2023

Livros 2023

 
Capitulo I

2023 foi para mim um ano de grandes viagens pelos lugares mais inusitados do mundo, em diversas épocas.
Comecei o ano entrando num portal com o mestre do suspense Stephen King, e chegamos a Dallas nos anos 1960. A ideia era impedir o assassinato do Presidente Kennedy em “Novembro 63”, não deu certo, descobrimos que o passado não quer ser mudado.
No Japão em um Café, nova possibilidade de voltar ao passado, pelo menos para se redimir. Que seja bem rápido “Antes que o Café Esfrie” (Toshikazu Kawaguchi),
Na China com Sonia Bridi (Laowai), quanto aprendi sobre os chineses, eles não gostam de filas, fazem aglomeração e salvem-se quem puder, isso porque em épocas de fome os “educadinhos” ficavam sem comer. A milenar medicina chinesa ensina que não se deve prender nada ruim, então sem constrangimento os chineses arrotam, escarram e soltam pums naturalmente. Os sanitários públicos femininos não têm boxes separados, todas fazem suas necessidades juntas. E sobre o governo é preciso paciência, não se enfrenta o poder porque só se tem a perder. O poder pode tudo. O governo de Pequim dá autoridade absoluta aos líderes locais e recebem fidelidade em troca. A internet tem censura. As reportagens precisam ser autorizadas. Na China eles copiam tudo, das marcas estrangeiras mais famosas à educação. Espelharam-se no sistema de educação da Coreia do Sul, fazem grandes investimentos, contratam professores estrangeiros para suprir vagas, mandam estudantes para se especializarem no exterior. Já estão colhendo bons resultados.
“Dentro do Segredo” que é a Coreia do Norte, viajei com o português José Luís Peixoto. Nos assombramos com o sistema de governo ditatorial, absolutista e autocrata. Sem internet, sem celular, visitas só acompanhadas por um guia local. A música disponível resume-se ao folclore local, temas de glória ao regime e óperas revolucionárias. Os celulares dos visitantes ficaram retidos, somente as câmaras fotográficas foram permitidas contudo era necessário autorização do Guia para fotografar, mesmo assim todas as fotos foram revistadas na saída. Há fotografias dos 3 últimos lideres: Kim Il-sung, Kim Jong-il ou o atual Kim Jong-un espalhadas pelo país, não apenas em lugares públicos, até mesmo em casas de pessoas comuns. Os norte-coreanos parecem realmente endeusar os líderes, a propaganda governista é muito forte e eles não têm acesso a outras alternativas. No final impossível não comparar com a China que me pareceu uma democracia!
Viajei pelo realismo mágico de Salman Rushie, conheci os “Filhos da Meia Noite” e muitas nuances sobre a vida na India. “Por Amor a India” com a francesa Catherine Clément vivemos a transição do colonialismo inglês para a independência e separação da India e Paquistão. Muito fiquei sabendo sobre Gandhi e do amor platônico do primeiro Primeiro Ministro da India com a última Vice-Rainha inglesa (provavelmente fake!.. ops… ficção). Conheci Goa, com o angolano José Eduardo Agualusa, um estado da India, que pertenceu a Portugal por vários séculos e hoje só poucas pessoas ainda falam português.
Fiz uma grande viagem pela Europa do século XIX, com Orlando Figes. “Os Europeus” ja falavam em globalização quando surgiram as ferrovias, tudo ficou mais perto e mais fácil. A nobreza e o clero não gostaram da ideia da plebe viajar do mesmo modo que eles. Surgiu a ideia de criar os Estados Unidos da Europa, o problema seria escolha da capital. O escritor Victor Hugo era a favor, contanto que a capital fosse Paris.
O russo Ivan Turguêniev viveu muito mais na Alemanha, França e Inglaterra que na Rússia, era apaixonado por uma cantora de ópera, a mais famosa do século XIX, Pauline Viardot. Ivan, Pauline e seu marido Luis Viardot viveram uma espécie de poliamor. Infelizmente não temos o privilégio de ouvir a voz da mezzo-soprano. A voz humana só passou a ser gravada no século XX.
Ainda na Europa conheci “Os Buddenbrooks” na Alemanha em companhia de Thomas Mann e “Os Maias” em Portugal com Eça de Queiroz com quem fiz as pazes após longos anos. Para complementar este tour no século XIX cheguei ao Rio de Janeiro imperial e conheci “O Ateneu” (Raul Pompeia).
Fiquei chocada com os horrores das guerras apesar de não haver “Nada de novo no Front” (Erich Maria Remarque); com o campo de concentração “Treblinka” (Jean François Steiner) e com a vida antes, durante e depois da bomba em “Hiroshima” (John Hersey). Perplexa fiquei com o movimento separatista do ETA que o espanhol Fernando Aramburu me mostrou na sua “Pátria”.
No “Ano da Lebre” passei na Islândia com Arto Paasilinna, conheci “O Musico Cego” com Vladimir Korolenko , na Ucrânia. Ainda em boa companhia abri “A Porta” com a húngara Magda Szabo, e fui a “Um Jantar Errado” na Albania com Ismael Kadaré. Em Lisboa, acompanhada pelo ilustre Saramago, vi um edifício que tinha uma “Claraboia”. Na Coreia do Sul, Min Jin Lee me apresentou um jogo chamado “Pachinko” e vi o preconceito que os japoneses têm em relação aos coreanos.
E por que não conhecer um pouco da Africa? La fui eu com a nigeriana Ayòbámi Adebáyò (Fique comigo) e com Abdulaziz Gurnah (Sobrevidas) da Tanzânia. Amei conhecer um pouco da cultura de Moçambique em relação as mulheres, que Pauline Chiziane (Niketche) me ensinou.
Com o suíço Pascal Mercier peguei “Um Trem Noturno para Lisboa”. Alfred Doblin me levou a flanar pelas ruas de Berlim até Alexanderplatz. E Jakob Wassermann também na Alemanha tentou me transmitir conceitos de justiça e vingança com “O Processo Maurizius”.
E foram “Quatro Estações em Roma” com o americano Anthony Doerr. Experimentei a culinária italiana com o também americano Stanley Tucci (Sabor - minha vida através da comida). Encontrei outros americanos nessas andanças: Toni Morrison (Sula), Andrew Salomon (O demônio do meio dia) e John Steinbeck (A um Deus desconhecido). Em seguida cheguei a Cuba onde há “Água por todos os Lados” como diz Leonardo Padura, de quem sou fã. Regressei para São Paulo e Rafael Gallo me surpreendeu com sua “Dor Fantasma”.
Não costumo passar um ano sem visitar os russos, mesmo rapidamente como foi em 2023, fiquei fascinada com Dostoiévski fantástico e satírico (Bobók) e Tolstoi me fez refletir sobre “Quanta Terra Precisa um Homem?”…
Finalmente me metamorfosiei com Kafka, pois como diria Raul melhor ser uma metamorfose que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. E chegou dezembro… parei para refletir sobre “O Sentido da Vida “ (Contardo Calligaris) e da morte “De frente para o Sol” (IrvinYalon).
Que 2024 seja repleto de viagens, em todos os sentidos, para todos nós.


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Capítulo II - 2024 As melhores viagens que fiz, não saí do lugar


Em 2024 conheci muitas pessoas interessantes… Ops… pessoas ou personagens?… Pessoas, claro!… Alguém duvida que Dom Quixote existiu? E Raskólnikov? E Capitu? E um certo Capitão Rodrigo?… enfim, saiu da cabeça do escritor, publicou, existiu!… 

E por falar nisso comecei o ano com o nosso Dom Quixote: Policarpo Quaresma (Lima Barreto) que também enfrentou moinhos de vento para provar que sua terra, o Brasil, é a mais fértil, mais rica, tem as mulheres mais belas, a melhor comida, os melhores governantes.. rs.. -enfim, o melhor lugar do mundo é aqui.


Na China conheci A Imperatriz de Ferro (Jung Chang), Cixi (1835-1908), a mulher mais importante da história chinesa, foi concubina do imperador e teve um filho, com a morte dele, ela armou um golpe contra os regentes e se tornou a líder governando o pais por décadas e o transformou num estado moderno, com a implantação de indústrias, ferrovias, eletricidade e novos armamentos. 


Nas minhas andanças conheci pessoas com nomes incríveis: Macabéa, uma nordestina perdida no Rio de Janeiro, ignorante, feia, pálida, mal tinha consciência de sua existência, apaixona-se por Olímpico também nordestino, malandro, que sonha ser deputado e troca a ingênua Macabéa por sua amiga. (A hora da Estrela - Clarice Lispector). 


Padura me apresentou Gerúndio, Sandálio e José José, nem todos Pessoas Descentes (Leonardo Padura), mas o Detetive Mario Conde sim, este que eu ja conhecia de outras viagens, é realmente admirável, seu amor incomensurável pela ilha e por seus amigos: uns vão e voltam, outros vão e não voltam mais, Conde se mantem firme na sua terra. E quanto ao amor? Será que vale a pena de qualquer maneira?… 


E o amor que mata? Como o do pintor Juan Pablo Castel (A Trégua - Mario Benedetti) por Maria Iridane, ou Pózdnichev (Sonata a Kreuzer - Tolstoi) , ambos assassinos confessos que contam suas dúvidas e angústias até o assassinato das esposas. O mesmo acontece com Amaro (O Bom Criolo - Adolfo Caminha) que apaixona-se por Aleixo e depois de uma história de amor, não aceita a traição e o abandono, o que termina em tragédia. 

Mata-se por amor e morre-se de amor como Luiza que amou o Primo Basilio (Eça de Queiroz). Ou Ana (Canção sem palavras - Sofia Tolstaia) que se apaixonou perdidamente por um músico. “De quem é a culpa? “ -pergunta Sofia Tolstaia. 

Morre-se de amor também pelo preconceito, como O Mulato  (Aloizio Azevedo) assassinado pela própria família com a benção da igreja, por ter se apaixonado pela pessoa errada. E que falar dos amores não resolvidos que duram por toda a vida? Raimundo e Gaudêncio, que tiveram uma história de amor interrompida quando ainda eram jovens, devido ao preconceito da época. Raimundo, homem analfabeto guardou sem ter lido uma carta do seu amor por cinquenta anos. (A palavra que resta - Stenio Gardel). No deserto do Saara um jornalista e uma moça 15 anos mais nova que ele, viajaram durante 40 dias, com o objetivo de uma reportagem para uma revista. Vinte anos depois ao saber da morte de Cláudia ele relembra aquela amor não revelado gerado pelo silêncio, pela solidão, pela cumplicidade dos dois naquela viagem. (No teu deserto -  Miguel Souza Tavares). 

Marco e Luiza, ambos casados, que se amam e se encontram com frequência, passam dias juntos, dormem juntos, mas não transam, e ficam com suas consciências tranquilas pois não estão traindo os cônjuges… se Jabor e Rita Lee têm razão, amor sem sexo é amizade!… será? (O Colibri - Sandro Veronesi)


E sexo sem amor?… A baiana sexagenária da Casa dos Budas Ditosos conta sua vida de luxúria, mulher libertina que vive todo tipo de relação sexual inclusive incestuosa. Creio que uma mulher dessas só existe na cabeça de um homem, no caso João Ubaldo seu criador. 


Conheci gente má também, o oficial da SS Max Aue, idoso morando numa cidade na França, ele relembra e conta suas perversidades na Segunda Guerra, um relato de crueldade e delírios. Como a visão é do carrasco, as vezes ele nos seduz com suas justificativas: “Se a Alemanha houvesse esmagado a União Soviética não existiria essa balela de crimes de guerra, ou teria sobre os crimes dos bolcheviques”. (As benevolentes - Jonathan Littell). 

George, o terrorista que em Moscou tem a missão de matar o governador. Ele mesmo não compreende o sentido de tudo, não defende um ideal, nem mesmo tem um ideal. O Cavalo Pálido (Boris Savinkov) age por instinto e treinamento, não questiona, apenas acredita que deve ser feito independente das consequências. 

E que falar da médica Wan Coração uma obstetra, comunista fervorosa, que chega aos extremos para defender a política do filho único na China. (As Rãs - Mo Yan).

A guerra deixa sequelas como fez com Billy Pillgrim que viu Dresden ser destruída e depois jurava ter estado num planeta chamado Tralfamadore. (Matadouro 5 - Kurt Vannegut). 


Da ficção para a realidade, Stephan Zweig, austríaco de família judia, que cresceu numa Viena, capital das artes, mas com a Primeira Guerra Mundial e os horrores do pós-guerra viu a Áustria e a Alemanha destruídas. Ele, sempre neutro, se empenhou numa luta pessoal pela paz, perdendo amigos por questões políticas, e quando tudo parecia que ia melhorar veio a Segunda Guerra, perdeu a esperança e se suicidou no Brasil, para onde se mudara, fugindo da guerra. (Autobiografia - o mundo de ontem - Stephan Zweig)

Na violência do cotidiano Salmon Rudshie (Faca) quase morreu atacado a facadas por um fanático religioso, em pleno século XXI, um espanto! 

Conheci pessoas que passaram fome como Leo Auberg (Tudo que eu tenho levo comigo - Herta Muller) e o escritor  que vaga pelas ruas com um toco de lápis, com o qual escreve crônicas para os jornais, dependendo disso para não morrer (Fome - Knut Hansun). E a experiência real de George Orwell, aquele de 1984, que passou fome em Paris e Londres.  (Na pior entre Paris e Londres).

E agora vamos falar de amizades ou de amores puros, sem outros interesses a não ser fazer o outro feliz, como a neta que transformou uma vila numa imitação de Jerusalem para realizar o sonho da avó, e esta fingiu acreditar para deixar a neta feliz. (Jesus Cristo bebia cerveja - Afonso Cruz). 

Jenny que procurou o grande amor de juventude de sua avó, interrompido pela guerra, e promoveu o último encontro dos dois no final da vida de ambos. (A caderneta de endereços vermelha - Sofia Lundberg). 

Impressionante o amor aos livros, a uma história, a um escritor. O jovem escritor senegalês Diégane encontra um livro de um autor desaparecido após uma acusação de plágio e passa a seguir todas as pistas para descobrir a verdade.(A mais recôndita memória dos homens - Mohamed Mbougar Sarr). 

Ou um leitor que corre desesperadamente para encontrar a continuação de vários livros. (Se um viajante numa noite de inverno - Italo Calvino). 

Narciso é inteligente, racional e contido. Goldmund é um jovem estudante com profundas inquietações existenciais. Narciso torna-se monge com vida simples. Goldmund sai pelo mundo com vida boêmia de artista. A amizade e admiração mútua permanecem apesar das diferenças, da distância e do tempo. (Narciso & Goldmund - Herman Hesse). 

O admirável Zorbás, o grego, um homem simples, primitivo, mas com uma consciência além da moral típica dos homens civilizados, quando não consegue se expressar verbalmente, ele dança e encanta. Contratado por um homem das letras que resolve fazer uma experiência de vida diferente com a exploração de uma mina de linhito, surge uma amizade para o resto de suas vidas. (Vida e proezas de Alexis Zorbás - Nikos Kazantzákis).


E tantos outros tipos inesquecíveis: Etzel Andergast (Jakob Wassermann) com suas angústias, o Dr Frankestein (Mary Shelley) e a eterna pretensão do homem de ser Deus, o insondável Bartleby, o escrivão (Herman Melville) que se recusa a atender as ordens do patrão, e os Meninos da Rua Paulo (Ferenc Molnár). Andei pelas ruas de Londres com Mrs Dalloway (Virginia Woolf), e de Buenos Aires com Hugo (O Amor segundo Buenos Aires - Fernando Sheller). 


Finalizei o ano com as proezas de Ana Magdalena, uma senhora casada que todo ano viajava sozinha para uma ilha para visitar o túmulo de sua mãe, de viagem em viagem passou a infringir as regras do contrato chamado casamento. (Em Agosto nos Vemos - Gabriel Garcia Marques). 


E assim termino a jornada de 2024 com uma citação de Charles Lamb, em 1833: confessou que ele amava “perder-se na mente de outros homens. Quando não estou andando, estou lendo, não posso sentar e pensar. Os livros pensam para mim”. (Uma história da leitura - Alberto Manguel). 


Felizes viagens em 2025 para todos nós!

domingo, maio 22, 2022

De Conquista: Evento no Museu Literário Amelia Barreto de Souza

Evento..... os preparativos

Quando se fala em homenagear Tia Amelinha é sempre uma responsabilidade! Seja no meio familiar ou em eventos como ontem, o assunto é tratado com muita responsabilidade, alegrias e saudades....

Tia Norma, sua fiel escudeira, se sacode toda. Avisa à tropa como um corneteiro!...  que todos se preparem para mais uma batalha!

Assim que houve o convite dessa homenagem ela foi logo aos álbuns de fotos.O Caravana da Alegria, em sua primeira edição, foi tirado do seu lugar para virar fonte histórica!   Material à mesa, começamos a conversar de modo ainda manso como faríamos a homenagem!..

Nesse fim de semana, a iminência do evento nos fez correr, acelerar... A cereja do bolo foi a presença de uma das alunas de D.Amélia: Noélia, bom demais!

As perguntas eram feitas... silêncio era a resposta... e as dúvidas eram nossas certezas.O que vamos fazer? Quem vai falar? Quais quitutes levar.....Bom......A batuta ficou na mão de Dona Norma! 

Tia Noe queria fazer 300 quibes. Ela falou: nada disso, 60 tá ótimo. Comentei que podíamos levar um Caldo Quente, tipo Vaca Atolada. Tia Noe e Duda acharam boa a ideia, mas D.Norma falou: nada disso! Quer arranjar trabalho para nós?

Se meu pai tivesse por aqui falaria ” Normélia é duro na queda” . Qui qui qui....ca ca ca ca....

A primogenitura de tia Noe nada nos serviu, manda quem pode......D.Norma vai ajeitando e colocando todo mundo no bolso. Tia Noe fala que tia Norma era uma criança muito engraçadinha, todo mundo gostava dela! Isso se transformou um pouco,  continua engraçadinha, mas meu pai se queixava dizendo que ela era mandona!

 Logo quando saiu o convite, tia Norma falou: Naninha vai falar em nome da família!. Eu ingenuamente falei: Tia, é um evento muito simbólico, lugar de gente importante. Ela disse: Você vai falar. Já está certo. Coloquei seu nome na lista.

 Diante desse convite, parti para o Caravana, primeira edição. Chorei muitas vezes pelas lembranças. Não so pelos que se foram, mas de nós... Quantas vivencias participamos.. de forma cumplice fazíamos de uma prosa um evento. Uma memoria e muitas histórias. Tudo era inspirador!...

Em Eclesiastes (7:10) tem o seguinte trecho: " Pois não é sábio fazer tais perguntas. Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes; porque não provém da sabedoria esta pergunta. 

Tempo bom é agora......Coisa Dona Nica....Tempo é agora, mas as lembranças são boas demais...”.bom qui nem lombo”

Uma coisa me acertou no peito de vez.....Bel e Fernando fizeram uma historiografia da família.. O gigantismo desses dois  em perseverar com o jornal nos deu uma fonte de pesquisa de imensurável valor....Temos nas páginas do Caravana, a essência da existência das nossas raízes, de quem fomos, o que se passou naquela época.! Os causos do fundo do Baú de tantos que por lá escreveram....Alem das nossas raízes, temos o contexto de uma época, economia, política, viagens e até a evolução tecnológica que podemos observar no imprimir das páginas.

Isabel e Fernando brilharam, mil vezes brilharam... Meu Deus! Bom, dessa fonte caravanística, partir para o texto em homenagem a tia Amelinha. Desse texto me deu a vontade de saber tudo sobre Vovó Emília.

Texto pronto... mãos trêmulas...

Pedi auxilio emocional e portuguesistico a Isabel que falou ....” Acho que vai ser sucesso...”Encorajada, tomei um calmante e partimos. Tia Noe achou por bom tomar. A sabedoria é algo divino. O choro já tinha passado da garganta. Quem sabe ou não percebeu, o choro vem vindo, vem vindo, vem vindo até destampar nos zoi.. A pílula cercou o choro.

A turma de Amelinha tomou grande parte do auditório, ou bombamos ou nem vamos! Fomos ajeitando.....e assim com jeito amelhistico de ser, saiu tudo bem.....Para alívio o Profepix.  Duda, chegou a tempo.e resolveu as questões de audiovisual, biscoitenses, e afins.....Bom ...Inégável que a batuta de Dona Norma sempre funciona.......

Orquestrados e sinfonizados, passamos juntos por uma tarde  que valeu muitas décadas....

Até breve!

Naninha



O discurso:

Boa tarde a todos...

È uma honra muito grandes está aqui neste local: Pro_ler....Que nos inspira e que nos uniu hoje para falar de Amelinha...Uma pessoa que teve em suas mãos a arte de agregar parentes, amigos e colegas, ficaria muito feliz com esse evento!

Tia Amelinha sempre me vem a memória.....o crochê.....a cozinha......e o querer ensinar o que sabia. Em sua casa quando eu chegava  ainda menina,sentia no coração ser minha casa.....! Um cheiro de novidade! Muitas cores, doces e biscoitos.Um experiência sinestésica de fato!As paredes da sua casa eram cobertas de quadros, o rolo de crochê próximo ao telefone!  duas paixões......croche e o bate papo! 

Não imagino hoje ao que faria tia Amelinha no Whatsaap.....Tinha assunto de Mundo, de família, festas e encontros! Havia sempre projetos em andamento, viagens, livros, visitas, cursos......Era um turbilhão de coisas que faltava-me ar! 

 A casa de tia Amelinha era um lugar muito bom, muito organizada, tudo no seu lugar. A organização das coisas era muito característica dela. E se propusesse a um feito, podia chover canivetes, nada a tiraria do seu rumo.

 E se eu perder esse trem.....que sai agora as 11 horas...... isso pouco provável de acontecer!. O gosto pelo trem das 1 , não a faria atrasar em poucas hipóteses....

Amelinha é símbolo de amizade....e longas amizades. Dividir o que tinha de melhor era sua forma de multiplicar. Ensinar era seu propósito! Na cozinha era mestra e maestra! Panelas eram seu instrumento, mas era com a caneta, que escrevia as notas onde estivesse, em casa....UESB........tinha o poder da batuta, da simpatia.! Um sorriso de fazer tristeza gargalhar....

Tia Amelinha foi e continua sendo ainda um  esteio filosófico, feminista  da família. Minha geração,  as sobrinhas, carregamos o irreverente, as panelas, a casa e os livros  um jeito amelhistico de ser.O lar ou a escola? Não há dicotomismo nisso! Bastava a sabedoria e isso não lhe faltou, em  compartilhar na sua vida essas duas grandezas

Em 1956 suas irmãs Norma e Noelia foram  morar com ela. Um dos relatos feitos pelas duas em um jornal da nossa família, revelaram ...”vc nos ensinou a costurar, bordar, lavar, engomar...cozinhar, ler bons livros e ouvir musicas.....”

Ensinar......

Ela um dia ela escreveu sobre seus irmãos...Joao...um do mais velhos....” juntos fizemos balas para vender no campo de futebol, no domingo a tarde (quando chovia chupávamos as balas) Tecemos sapato de macram~e para vender...

Fazer.....

Outra historia é quando tia Noe nasceu, ela queria que seu nome fosse Zenith, uma marca de caneta da época....” Minha avó sabiamente não aceitou...

Aprender....

Edinho o mais danado de todos, meu pai diga-se de passagem, ela conta ....” em 1946 voltei para salvador, trazia na mala vestidos novos, pó de arroz, esmalte para as unhas e batom. Um dia ele gastou meu batom vermelho da época, pintando o jumento.....

O perdoar......

Uma dia Tia Amelinha foi passar umas férias com vovó Emilia  e lá ficou por quase cincos anos.....! Em um dos seus relatos ela conta que sua avó “Ensinou a ler...escrever....remendar...fazer beiju...torrar café....e outros trabalhos, quando queria aprender..Lia todas as noites, dela herdamos o gosto pela leitura”

Mesmo ao voltar para casa, tia Amelinha nunca perdeu o vínculo com sua avó....Em 89, ela transcreve a carta da sua avó, para conhecimento de todos nós

 “ Fazenha Onha , 30 de agosto 52

 Amelinha , amável neta,

Abraço -te

Veio-me as mãos tua amável cartinha , o que muito me alegrou , junto o retrato do nosso Luís Carlos. Achei muito engraçadinho.

Nice ainda continua gorda, eu vou passando no mesmo. Então , ainda desejas que eu vá passar dias contigo? Pois filha não acho possível fazer-te está vontade. Conheço que não posso fazer viagem longa, o nosso amor é constante mesmo de longe.

(Termino sem mais assunto. Fau, Nice , Maurio enviam lembranças para todos. Abraços para Arlindo, os queridos filhinhos. Para tu um abraço da vo que muito estima .)

Emília “

Tia Amelinha aproveitou.....aprendeu o que quis e o que lhe fora possível! Se inspirou para a vida e para os livros, ou seja para o Mundo!

Amelia é um exemplo de que a Educação transforma!

Obrigada.

Naninha

Comentário de Ivana

Disse tudo com maestria e fidedignidade revelando toda a essência da nossa amável e eterna vovó Amélia.  Mainha vive dizendo " como Ivana parece com Amelia" ....ouvi isto desde pequeninha. Neste tempo tinha muita raiva de parecer com ela, pois o que ouvia sobre ela era sempre que era muita chata, exigente....."um porre". Depois de um tempo, que enxerguei a vovó Amélia em mim, como amo ser comparada a ela. Até mesmo nas esquisitices de provar os ingredientes enquanto cozinha ( lingüiça crua inclusive rsrsrs)....e assim minha mãe me observa e diz " parece Amélia demais" e a felicidade invade meu ser! Quanta honra parecer com vovó! Saudades Eternas! ❣️❣️❣️   Ivana







terça-feira, outubro 22, 2019

Museus por dentro - Por dentro dos Museus



a família foi fardada...



Capricharam nas receitas do livro de Amélia

Dudáo deu entrevista pra TV

Anete falou...

As merendeiras com os aventais do evento





terça-feira, outubro 01, 2019

Sobre Rússia e Livros

Motivada pela perspectiva da viagem a Rússia que comecei organizar desde o final de 2018, resolvi ler alguns livros sobre o assunto. Na minha "lista de espera de leitura" já tinham o primeiro e o sexto da lista abaixo. Então comecei com Catarina, e um livro foi puxando o seguinte. Posso dizer que o ano de 2019 foi para mim de grandes leituras. Agora, já em outubro e pós viagem, encerrei Russia, já estou com outras leituras. Mas como posso terminar o Ano Russo sem ler um livro de Dostoiévsky?... A pensar...

1.    Catarina, a Grande: retrato de uma mulher (*****)
        Autor: Robert K. Massie

Biografia escrita como um romance histórico. Fácil de ler. O autor usou as mais diversas fontes, como  cartas, leis e mesmo escritos da própria Catarina.
Muito interessante a vida da czarina, que nasceu alemã e se chamava Sofia. Foi levada para a Rússia pela imperatriz Elisabete para casar com seu sobrinho Pedro III, herdeiro do trono. Ela teve que se converter a Igreja Ortodoxa e mudar de nome. Catarina reinou por 34 anos, após a morte de Pedro, e criou a maior coleção de artes da Rússia.

2.    OS ROMANOV 1613-1918 (****)
       Autor: Simon Sebag Montefiore

Fiquei tão empolgada com a biografia de Catarina que resolvi ler a história de todos os czares russos.

Do site OBSERVADOR, sobre o livro:
“A história dos Romanov começa em 1613, com Mikhail Romanov a ser coroado czar russo e termina em 1918 com a morte de Nicolau Romanov e toda a sua família, numa cave nos montes Urais. A história da família que governou a Rússia em quatro séculos diferentes surge agora revisitada pelo historiador Simon Sebag Montefiore no livro The Romanovs: 1613-1918.
Ao longo da sua história de mais de 300 anos no poder, a família Romanov deu 20 czares à Rússia, sendo que os últimos seis foram assassinados. Dois estrangulados, dois abatidos, um apunhalado e um devido a uma bomba. Durante as dinastias Romanov, o território da Rússia cresceu a um ritmo de 52.000 quilômetros quadrados por ano, embora tenha sido a custo de milhares de vidas humanas.
O autor revela que a história dos Romanov está escrita a sangue, com pais que torturavam e matavam os filhos, filhos que envenenavam os progenitores, czarinas a assassinarem os maridos e toda uma série de práticas horripilantes que parecem saídas de um livro de ficção.
É um livrão de mais ou menos 900 páginas, não empolgante quanto a biografia de Catarina, mas muito interessante para entender a história do poder na Rússia.

3.   Uma história cultural da Rússia (*****)
       Autor: Orlando Figes

Da sinopse da editora:

“Em “Guerra e paz”, de Tolstoi, há uma cena em que a condessa Natasha Rostova vai com seu irmão Nikolai à cabana de um “tio”, depois de uma caçada, prova de petiscos russos e dança graciosamente “Lá vem uma donzela pela rua”, uma cantiga pastoril romântica que ela, criada em salões nobres, nunca ouvira antes. Segundo o autor russo, a facilidade com que a moça se apropriou da música e da dança camponesa mostra que ali, naquela melodia e letra, estavam o “espírito e os movimentos russos inimitáveis” presentes em todos os homens e mulheres do país. É nessa cena que o historiador inglês Orlando Figes se inspira para escrever “Uma história cultural da Rússia
Segundo Figes, nos últimos duzentos anos, na ausência de parlamento e imprensa livre, coube às artes do país refletir sobre política, filosofia e religião. Nesse livro monumental, ele apresenta aos leitores os bordados folclóricos, as canções camponesas, os ícones religiosos e todos os costumes do cotidiano, desde a comida e a bebida até os hábitos de banho, passando pelas crenças sobre o mundo espiritual.
Começando no século XIX com a construção de São Petersburgo – “uma janela ao oeste” – e culminando com os desafios impostos à identidade russa pelo regime soviético, Orlando Figes escreveu um livro que é considerado uma obra-prima sobre a Rússia.”

Eu amei este livro. Vale muito a pena para quem quer conhecer um pouco mais da Rússia.

4.   Guerra e Paz (*****)
       Autor: Liev Tolstói

Fiquei encantada com  Guerra e Paz. Esse livro nunca esteve na minha lista de desejos, de repente cortou a fila e passou na frente de todos.

O livro  Uma História Cultural da Rússia tem o nome original Natasha’s Dance a Cultural History of Russia,  e começa com uma cena de Guerra e Paz, sobre a dança de Natasha, personagem do livro.  Além de que o autor cita Tolstoi e Guerra e Paz inúmeras vezes. Despertou minha curiosidade. É um livro de mais de 1000 páginas e em nenhum momento me pareceu maçante, apesar de grande parte tratar das guerras napoleônicas, com muitos detalhes, mas de uma forma agradável de ler. Ele faz algumas analogias perfeitas, cenas de guerra com uma colmeia de abelhas quando a rainha morre ou com um formigueiro. Em uma dessas, compara os soldados de Napoleão saqueando Moscou a um macaco quando mete a mão num jarro de nozes e não consegue tirar a mão se não soltá-las.
Enfim, um super clássico da literatura mundial, romance histórico que vale a pena ser lido por quem se interessa pelo assunto.
Em tempo: muito mais fácil ler Tolstoi que Dostoiévski.


5.   Doutor Jivago (****)
       Autor: Boris Pasternak

Continuando “meu ano russo”  li Doutor Jivago, também citado em Uma História Cultural da Rússia.  Para os mais antigos um lindo filme  dos anos 1960 com uma trilha sonora maravilhosa.  Embora lembrasse pouco do filme os personagens na minha imaginação não puderam ser outros, senão os atores do filme: Omar Shariff (Jivago), Lara (Julie Christie) e Tônia (Geraldine Chaplin).

Sinopse da Editora:
Publicado originalmente em 1957 fora da União Soviética, após ser banido pela censura do Partido Comunista, Doutor Jivago, que só seria lido por seus conterrâneos em 1987 — 27 anos após a morte de seu autor —, continua sendo o maior e mais importante romance da Rússia pós-revolucionária.
Nele, Boris Pasternak traz à luz o drama e a imensidão da Revolução Russa pela história do médico e poeta Iúri Andréievitch Jivago em seu constante esforço de se colocar em consonância com a Revolução. Por seus olhos hesitantes o leitor testemunha a eclosão e as consequências deste que foi um dos eventos mais decisivos do século XX. Em tempos em que a simples aspiração a uma vida normal é desprovida de qualquer esperança, o amor de Jivago por Lara e sua crença no indivíduo ganham contornos de um ato de resistência.
Seguindo a grande tradição do romance épico russo, Pasternak evoca um período historicamente crucial e nele retraça um panorama completo da sociedade da época.

6.      Sussurros - A Vida Privada na Rússia de Stalin (****)
Autor: Orlando Figes

Pesado tanto no tamanho do livro como no conteúdo. Não é um livro que se recomenda a alguém, não é divertimento, é sobre a angústia vivida por um povo. Fico com a impressão que quem nasceu no início do século XX na Rússia foi “nascer no lugar errado, na hora errada”.

“Vasta pesquisa que reconstrói às experiências de quem sobreviveu à opressão stalinista” (Antony Beevor)
“Um livro dilacerante” (The Times)
“Fascinante e surpreendente” (The Observer)
  
7.   Um cavalheiro em Moscou (****)
 Autor: Amor Towles

Este livro é ficção e o autor é americano. Estava na minha lista de espera há tempo. E somente pelo nome, incluí na leitura do ano. Gostei demais. Muito divertido.  Livro para relaxar.

Sinopse da Editora:
Nobre acusado de escrever uma poesia contra os ideais da Revolução Russa, Aleksandr Ilitch Rostov, “O Conde”, é condenado à prisão domiciliar no sótão do hotel Metropol, lugar associado ao luxo e sofisticação da antiga aristocracia de Moscou. Mesmo após as transformações políticas que alteraram para sempre a Rússia no início do século XX, o hotel conseguiu se manter como o destino predileto de estrelas de cinema, aristocratas, militares, diplomatas, bons-vivants e jornalistas, além de ser um importante palco de disputas que marcariam a história mundial.

Mudanças, contudo, não paravam de entrar pelo saguão do hotel, criando um desequilíbrio cada vez maior entre os velhos costumes e o mundo exterior. Graças à personalidade cativante e otimista do Conde, aliada à gentileza típica de suas origens, ele soube lidar com a sua nova condição. Diante do risco crescente de se tornar um monumento ao passado até ser definitivamente esquecido, o Conde passa a integrar a equipe do hotel e a aprofundar laços com aqueles que vivem ao seu redor.

Com sua perspectiva única de prisioneiro de duas realidades distintas, o Conde apresenta ao leitor sua sabedoria e sensibilidade ao abandonar certos hábitos e se abrir para as incertezas de novos tempos que, mesmo com a capacidade de transformar a vida como a conhecemos, nunca conseguirão acabar com a nobreza de um verdadeiro cavalheiro.


 8.  São Petersburgo de Corpo e Alma 
       Autora: Catarina Stroganova

Este um pequeno livro com dicas turística, bem interessante.

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