Estou retornando
do Brasil de uma viagem de 9 dias. Fui a Conquista, via Rio e Salvador resolver
problemas de imposto de renda. Retorno ao Brasil sempre, mas parece que desta
vez vi mais coisas. O que eu vi ja estava aqui antes, so que eu nao via.
A parte de
viagem foi otima, tudo correu bem. Fiz turismo familiar, fiquei com Fernando e
Bel em Salvador, fiquei com Rene e Marilanda em Conquista e com Jairo no Rio.
Fui tambem recebido por Pat e Andre para um churrasco no Rio.
Claro que
houve a parte cômica. Fui para Conquista de carro, na ida perdi 2 horas em um
conserto entre Feira e Santo Estevão. Como eu sou esperto conversei com titio
Fernando, ele me sugeriu entrar em Itatim, depois de Milagres sair em Castro
Alves e Cruz das Almas na BR-101.
A principio
desconsiderei o plano por medo de me perder. Mas eu sou americano esperto, 20
anos de Google Maps, carregando um GPS, fui estudar o assunto. De acordo com
Google Maps tinha uma estrada, a famosa BA-493, que passa ao norte de Itatim,
fora da cidade. Bom, com Google eu vou. Fiz meu homework, escrevi todas
distancias em décimos de quilometro e fui em frente seguro.
Antes da
BA-493 tinha uma entrada para Itatim, mas eu esperto, 20 anos de Google, não
queria passar dentro de Itatim, fui em frente. Veio a segunda entrada de
Itatim, arremetei, andei um pedaço e voltei. Continuei a procurar a BA-493 com
ajuda do GPS. Apos 1 km, a voz electronica do GPS me diz “VIRE A DIIRREEIITAA”.
Era barranco não tinha nem estrada de terra.
Como a
pratica não funcionou passei a teoria. Imaginei a inauguração da BA-493 no CAB
(Centro Administrativo da Bahia), coquetel com a presença de representantes do
Google e diversos fabricantes de GPS, enquanto o dinheiro da estrada seguia em
direção a Franca!
Enfim,
desisti da alternativa Google-GPS, fui em frente e enfrentei outras 2 horas de
engarrafamento baiano!
A única ma noticia ate agora recebi hoje de
manha, o falecimento inesperado de Inocencio. Meus sentimentos a toda sua
familia direta e parentes, perdemos uma grande figura humana.
Alem das
fofocas normais, tem 3 coisas que eu compreendi nesta viagem. Eu nao sou oráculo mas tenho direito a
minha opinião, respondam e discutam mas nao se ofendam com minhas idéias.
Economia Brasileira.
Estou em
negociacoes para receber dinheiro aqui, e esta negociacao depende muito da
economia brasileira, especificamente de como o preco do boi gordo e do dolar
vai variar nos proximos 2 anos. Vou estudar depois em detalhes com dados, mas
ja formei uma serie de premissas descrevendo a macroeconomia brasileira, e vou
tentar confirmar ou mudar obtendo informacoes..
A economia
brasileira gira em torno de 3 fatores: exportacao de commodities, importacao de
manufaturados e consumo interno de manufaturados locais. A exportacao de
commodities resulta de vantagens locais como clima e area territorial. Tambem o
“Custo Brasil” com impostos, burocracia e outros incide muito menos por
estarmos lidando com grandes lotes.
Na area de
manufatura a coisa pega. Com uma industria pouco competente e incidencia forte
do “Custo Brasil” nao somos competitivos la fora. Assim, necessitamos de proteção alfandegária para levar ao
consumo dos nossos manufaturados no mercado interno.
Portanto o
preço do dólar depende de varias considerações. Se o dólar sobe nossas
commodities se tornam mais competitivas no mercado externo. Vendemos mais para
fora, falta produto para venda interna e vem inflação. Reconheço que não e tão
simples assim, taxa de juros para industria e publico também entra na equação,
preciso estudar mais.
E o preço
do boi? Caiu recentemente, me disseram na Bahia que e por causa da seca. Porem
discutindo no Rio, soube que a seca e so na Bahia, mas vários países
suspenderam importação do Brasil devido ao caso de vaca louca no sul, e criação
de gado no alto Xingu em ares protegidas por agencias da ecologia. Faz bem mas
sentido do que seca em um estado com uma fração pequena do gado do pais.
Comportamento Humano
Eu já
viajei pelo mundo e me dou bem, também nos Estados Unidos onde vivo. Porem ao
chegar no Brasil de repente fica melhor. Eu converso e brinco com todo mundo, e
uma festa. A principio eu achei que era por tinha voltado a minha terra mas
sexta feira tive uma lição interessante.
Estava em
Conquista, fui com Rene a tarde carregar a pickup para ele ir a fazenda no dia
seguinte. Eu estava desocupado, larguei o Martins e o americano em casa, fui
relaxado. Paramos em dois lugares, em cada um gastamos 45 minutos para fazer
fazer 5 minutos de trabalho. Tomamos boca com carregadores, caixeiras,
escriturarias, donos, gerentes e etc. Em um lugar teve uma consulta e
negociação de venda de propriedade.
Este
processo baiano (São Paulo e menos assim), pode ser mais ineficiente, mas o
contato humano e fantástico. Depois de 30 anos nos Estados Unidos eu conheço
poucas pessoas que eu posso comportar assim, e certamente não com pessoas com
quem tenho um contato comercial. Uma conclusão interessante e notar que
brasileiros gostam de ir ao exterior de turma, levando a festa e depois reclamam
que os estrangeiros são frios e quietos. E claro, não são brasileiros.
Portanto,
parabéns brasileiros, podemos ensinar ao mundo como viver.
Comportamento Moral
Na volta de
Conquista passei por uma carreta recém-capotada perto de Poções. A carga de sacos
se espalhou ao lado da estrada. Não vi ninguém tentando socorrer o motorista,
nas tinha gente de sobra roubando a carga. Alguns locais levando na mao,
galinhota, etc, e outros carregando em carros pequenos.
A minha
primeira impressão era que os pobres não tinham princípios, como podiam fazer
isto? Depois comecei a questionar se a carapuça me caberia. Nossa família
sonegou todo imposto que pode. Em Conquista pistoleiros eram aceitos na
sociedade. Eu mesmo uma vez fiz seguro de carro capotado para consertar de
graça.
Quando
cheguei no Rio estava conversando com amigos que conhecem bicheiros, e diziam
que os bicheiros tinham sido expulsos da direção das escolas de samba. Acham
este expulsão um absurdo e uma hipocrisia, um bicheiro tão bonzinho!
Portanto se
nos a elite comportamos desta maneira, não podemos de maneira nenhuma esperar
que os pobres respeitem a carga de uma carreta na estrada.
2 comentários:
Lula,
Você que é brasileiro e viveu no Brasil mais de 20 anos, se surpreende com o nosso comportamento, imagine Tarsis, criada na cultura americana, quando passou aquela temporada aqui e na época só tinha 15 anos. Tenho impressão que ela achava que era só com ela, que todos brincavam, Fernando e os meninos, os vizinhos, o pessoal do transporte escolar, os colegas, etc... Ela ficava seriamente irritada e falava: “Será que todos aqui pensam que sou idiota?”.
Outro dia vi uma palestra interessante de um indiano falando das dificuldades das empresas ocidentais na Índia devido aos problemas culturais. Uma das coisas que ele dizia era que o povo ocidental era muito apressado porque quer resolver todos os problemas nesta vida, e o indiano é muito mais tranqüilo porque acredita em várias vidas....
Lula
A vida não é um negócio e sim um parque de diversão.
Fernando
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