sábado, dezembro 08, 2018

Sydney Market

Depois da minha primeira temporada em Sydney, retomo para segunda temporada. Das primeiras percepções creio que já consigo fazer alguma avaliação. Hoje fui no mercado, um local popular chamado Sydney Market, achei uma vaga, dei sinal, fui um pouco à frente e quando engatei a ré um indiano enfiou o carro dele na vaga, dei ré e olhei para a cara do cidadão e fiz sinal de que a vaga era minha, ele sacudiu os braços como se quisesse dizer que estava ali a muito tempo, era mentira, segui em frente e coloquei em outra vaga. Dentro do mercado um empurra-empurra de dar inveja a promoção do Guanabara no Rio, tem chinês  empurrando chinês (homem e mulher) e indianos homens se empurrando, pouco australiano, só os mais rudes, brasileiro que eu tenho noticia até agora, só eu. O local vende muita coisa boa e barata além de ser um atrativo cultural com artesanato de mais de 10 países, comida de feira, caldo de cana sem pastel, mas com Kebab de todos os gostos na barraca ao lado, bolos, doces,  café e muita diversão na seção de quinquilharias de ferramentas novas e usadas, roupas e sapatos novos e usados, coisas para casa – de móveis a pedaços de lamparina, pedaços de coisas e ferramentas, o local é uma confusão que só, eu não troco por nenhum outro supermercado.
Tem chinês e indiano nesse mercado vendendo e comprando, na cidade dos abastados tem os dois povos dirigindo carros, servindo comida e dono dos novos Teslas de $100,000.00 e de grandes empresas, estão em todo lugar. Os chamados cristãos chineses e indianos são vaidosos e mal educados, seguem regras sociais estritamente dentro do universo de mercado, mas socialmente falando, digo na interação com os australianos e com outros povos não há mistura, os chineses e diria que boa parte do povo asiático são discretos e me parece que pouco buscam australianos, o dono da casa onde moro é chamado constantemente para comer na casa do vizinho australiano, mas nunca o vi pensando em oferecer algo, e os indianos me parece que são um pouco rejeitados, pois se fala muito que, se algo é de um indiano não compre, coisas assim acontecem.
De modo geral do pouco contato que tive com esses povos nada vi de brasilidade (alegria de viver), de flexibilidade, de cordialidade, de amabilidade com o estranho, diria até que comigo foram até o momento, muito mais frios que o dito povo frio, os australianos, que são apenas reservados até que você se aproxime. Diria inclusive que, com exceção dos australianos que enfrentam o Sydney Market, os homens australianos são de uma gentileza irritante, meses atrás eu estava em um cruzamento sem sinal (semáforo) e parei para dar lugar ao carro da esquerda, lembrei-me que aqui a regra é de dar prioridade que vem da direita, mas eu quis dar passagem porque meu carro era maior, o australiano parou e fez um movimento com o braço, dando passagem, devolvi o movimento dizendo que a vez era dele, ele por sua vez devolveu novamente o movimento, eu devolvi mais uma vez,  então a mulher do cara sorriu – tipo, vocês vão passar a semana aqui? Ele insistentemente devolveu o movimento eu fiz um OK com a mão dizendo que ia sair e ele achou que eu estava dando lugar a ele novamente, resultado, quase batemos, mas foi uma “risaida” só e detalhe, os carros atrás não buzinaram.
A índia cresce a uma taxa semelhante a taxa mundial 1.1% e a china 0.6%, mas considerando que os dois tem mais de 1.2 bilhão de pessoas qualquer taxa de crescimento será alta, 1.1% de indianos por ano são 8 indianos para cada 1 brasileiro e 4 chineses aproximadamente para cada brasileiro que nasce, é muita gente. Esse povo tem chegado aqui de avalanche, passam por cima de tudo, não existe o confiar, o ceder o lugar, as regras são cumpridas apenas para não ter problema e não vejo nada em torno de uma certa camaradagem no convívio ou alguma relação social mais enriquecedora, não há, vivem para trabalhar e para sustentar seus “quilombos”. Existem exceções, recentemente fui fazer um serviço em uma lanchonete de uma vietnamita, mulher batalhadora com 50 anos sem marido e uma filha de 20 na faculdade que ela me falou com muito orgulho, ela me viu organizando as caixas uma em cima da outra e me perguntou se eu havia estudado na faculdade, disse que sim, ela respondeu -Percebi, pois você trabalha diferente, eu já sabia o porquê e estiquei conversa, troquei algumas ideias e ela me fez um desconto no almoço, falou que ouviu falar de Lula, que me parecia ser um grande presidente, falei que havia sido preso por corrupção, ela fez cara de decepção e reagiu dizendo que as noticias corriam na época dele e que ela pensou em ir para o Brasil, falei que deu sorte não ter ido, teria voltado, rimos.

Quando damos alguma oportunidade as pessoas se revelam, mostram seus universos, mas quando há por trás uma ideia fixa de que isso não é possível ou não é necessário o convívio é irrelevante e irrelevante torna-se aquele que assim pensa.

Me preocupa muito em saber para onde esses povos irão quando as vagas da Austrália se esgotarem..

3 comentários:

Luladasequacao disse...

Cristiano, nao tenho comentado mas sempre leio seus posts. Fico contente em ver aexperiencia que voce esta tendo na Australia e como esta vivendo e absorvendo.
Se quiser bater um papo meu cell e 864-905-9795 tenho whatsapp.

Abracos

Luladasequaco

Cristiano Barreto disse...

Vou te adicionar aqui!

Cristiano Barreto disse...

Lulão, te adicionei, mas acho que foi errado.. qual prefixo?

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