A vida e a plenitude
Ah vida! sua danada, mal
crescemos e já temos que lidar com aquilo que não conhecemos, mal conhecemos e
temos que aprender a esquecer e mal aprendemos a esquecer e temos que morrer. O
tempo é implacável e ele é que nos traz o desafio, como sobreviver e ao mesmo
tempo gozar de toda plenitude? Sinceramente não há como, não da forma como
desenhamos o mundo atual, hoje temos que escolher, viver das duas formas seria
o mesmo que tentar encontrar um produto barato, rápido e de boa qualidade, não
existe nada com estas três virtudes. A vida é assim, quando é ruim demora,
quando é boa passa logo e quando pagamos barato não vivemos plenamente, mas aí
quando resolvemos pagar caro, correr atrás de maturidade, ganhar dinheiro e
entregar-se aos momentos verdadeiros, ficamos velhos. Então eu pergunto, o que
fazer?
A coisa toda começa em você,
porque se a morte é certa então é preciso atenção para usufruir daquilo que
você chama de plenitude, não essa plenitude barata dos tempos atuais, mas uma
plenitude que faz o sofrimento valer a pena, afinal como diria Vinicius de
Morais, “O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades”.
O paradoxo é que nunca
eternizamos a plenitude, ela é vivida na passagem, algumas vezes por horas
outras vezes por anos, mas não na eternidade. Essa é nossa dificuldade, aceitar
a passagem, aceitar o movimento das coisas e da própria vida, pois nós a
construímos, em grande parte, para nossas vontades.
E o que seria pleno? pleno é o
gozo, no sexo, na bebida, no sorriso do filho, na convivência e até na solidão,
mas nenhuma plenitude se compara a arte. A arte nos (e)leva para o além humano,
a arte nos aproxima dos Deuses e na arte encontramos aquilo que realmente queremos,
a eternidade.
Perdi um pai da música, um
mais que amigo, uma referência musical que me levou para o além humano diversas
vezes, no meu caso muitas dessas vezes em um único acorde. Se ele era a
plenitude em pessoa? Não sei e não importa, o que importa é que se ele fosse um
Deus tocaria para nós eternamente, do mesmo jeito que sempre tocou.
Caguto foi nosso momento de
felicidade, foi um privilégio viver a luxuosidade da música que ele representou
e que agora fica com menos arte, porque de movimento ele se fez e com um
movimento ele se despede, deixando em nossas memórias a magia dos momentos
musicais mais plenos que pudemos conhecer.
Para os supérfluos foi-se um
homem, para nós fica sua música e o universo de possibilidades de como viver
plenamente.
Eternas saudades,
Cristiano Barreto.
5 comentários:
Muito bom. Bela homenagem.
Uma grande homenagem. Kinho....poucos poderiam homenagear cagutao dessa forma
Rebuscado e sensível seu texto Quinho... ah estamos falando de Caguto.
Cada palavra do poema nos remete a nós mesmos.. nossas vidas... Lindo texto.
Caguto será isso tudo e mais um pouco !!! Sempre eterno caguto homem de grandes cordas . parabéns pela vela homenagem
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