Meu pai sempre foi de direita. É um democrata e liberal. Nunca foi machista, nem homofóbico. Nunca demonstrou nenhum preconceito, seja social, racial, ou de gênero. Sempre foi defensor da natureza, do saudável e do sustentável, mesmo quando esses valores ainda não eram modismos. Mesmo hoje aos 97 anos, continua assim, aceita todas as modernidades sem nenhum espanto.
Apoiava o governo
militar, dizia que o golpe foi necessário para evitar que o país se tornasse comunista.
Nessa época, quando todos nós éramos de esquerda, ele nunca tentou nos
convencer de nada, nunca pediu para votarmos nos seus candidatos, nem tampouco
criticava os nossos candidatos. Ele votava na Arena e a gente no MDB. A única coisa que ele dizia de vez em quando
era se gostaríamos de morar num país onde não houvesse liberdade de ir e vir. E
quando em ocasiões como Olimpíadas ou outro evento internacional, um atleta
russo pedia asilo em outro país, ele comentava, se lá era tão bom, porque será
que a pessoa queria sair. E não tínhamos resposta.
Um primo
nosso que era atuante na política estudantil de esquerda, mais tarde Deputado Estadual pelo MDB, era nosso Guru Político, a quem a gente
consultava a respeito dos candidatos. Ele dizia que meu pai era a única pessoa
de direita com quem ele conversava, pois esse tinha argumentos sólidos e era
bem fundamentado. E nenhum dos dois tentava modificar o pensamento do outro.
E assim
continuou. Ele votava em ACM e equipe, nós no partido adversário. Votou em
Collor e eu em Lula. Não se arrependeu. Veio Itamar e depois FHC, que ele considera o
melhor presidente que o país já teve.
No governo
Dilma quando houve a tal Comissão da Verdade que apurou que durante o governo
militar foram mortas 400 e tantas pessoas, ele comentou: Já pensou se fosse um governo comunista, quantos não teriam morrido? Como em Cuba e na União
Soviética?...
Apoiou também "o suposto golpe" a Dilma, principalmente pelo que fizeram com a Petrobras.
Apoiou também "o suposto golpe" a Dilma, principalmente pelo que fizeram com a Petrobras.
Quando
relembra dos presidentes, ele diz que o único voto que ele se arrepende foi o
de Jânio Quadros. E sempre fala: Como deixei de votar no Marechal Lott, que era
um candidato muito melhor?... Por ironia, o único arrependimento é não ter
votado num militar...
Votou até os 93 anos. Agora torce por Bolsonaro.
Votou até os 93 anos. Agora torce por Bolsonaro.
Acho cheguei
a idade da razão, nem paixões, nem ilusões. Começo a dar razão a meu pai:
Vou virar à
direita!
2 comentários:
Nunca é tarde para retornarmos à razão
Vc sempre foi de direita, só que não sabia. Reclamar quando o seu direito de ir e vir era bloqueado, defender a liberdade de imprensa e preferir ter o que comprar nos supermercados mostram isso.
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