domingo, outubro 21, 2018

Amizade Líquida



Não condizendo com a conjuntura contemporânea, na qual se torna comum o acúmulo de milhares de conhecidos em redes sociais, houve tempos em que amizade significava o máximo grau de intimidade vigente na sociedade. Assim, é inquestionável que o conceito de amigo sempre esteve atrelado à relação do homem com o contexto no qual ele está inserido. Desse modo, da fiel relação entre Dom Quixote e Sancho Pança, Fabiano e a cachorra Baleia a outros magistrais exemplos, pode-se depreender o imaginário acerca da amizade. É inquestionável, todavia, que, no período no qual ela se destacava, o homem ainda não se encontrava rendido aos atrativos tecnológicos. Como proposto por Baumam, as relações interpessoais vêm sendo fragilizadas por algum meio comunicativo. Tal fato mostra-se presente quando se tornam cotidianas cenas de reuniões entre amigos em que todos os membros então portando celulares ou algum aparelho eletrônico. Assim, relações, que antes eram fiéis e carnais, vêm cedendo espaço para relações frias e interpessoais.

Ademais, é indubitável que as relações de amizade na contemporaneidade mostram-se profundamente marcadas pela efemeridade e pelo interesse material. Utilizando o conceito de valor social de Karl Marx, os indivíduos de uma sociedade possuem valores implícitos baseados no grau de adequação desses às instituições sociais (cultura) do local, gerando, por conseguinte, uma tendência de agrupamento pautada nos valores individuais. Tal teoria mostra-se presente na obra de Aluísio de Azevedo, O Cortiço, quando João Romão, ao ascender economicamente, começa a participar do círculo social de Miranda.

A amizade sempre foi um dos pilares da convivência humana harmoniosa, entretanto certos fatores estão contribuindo para a corrupção dessa relação afetiva. O Ministério da Cultura, portanto, deve difundir campanhas com o intuito de alertar as pessoas para a importância da relação física nos círculos de amizade. Outrossim, o indivíduo deve refletir sobre como a amizade vem sendo firmada hodiernamente, a fim de torná-la menos supérflua, efêmera e interesseira. Assim, a amizade, finalmente, tornar-se-ia uma relação pura e benéfica como as idealizadas na literatura.

Márcio A Barreto Filho – 2º.A

Um comentário:

Igor Matos disse...

Matou a pau.

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