Laurinda foi uma pessoa marcante na nossa família. Animada,
divertida, engraçada, extrovertida, era sempre uma alegria. Dos sobrinhos de
Nicácia e Cecília, ela foi, sem dúvida, a mais próxima da gente.
Tinha fama de extravagante, gastadeira e descontrolada. Para
nós acostumados com a economia de Noemi e a disciplina de Amelinha, Lau surpreendia com sua fartura e descontração. Ela contava que banana frita era
supercontrolada na casa de Amelinha, o que deixava Lula ansioso, querendo mais.
Havia o rigor da disciplina e as crenças que determinadas comidas faziam mal.
Uma vez ela fez banana frita para Lula comer até enjoar, sem a presença de
Amelinha, claro. E com René, a mesma coisa, com pizza...
Quando éramos estudantes e morávamos nos Barris (eu, Iris,
Eleusa, Raminho e René), época de pouca grana, eventualmente Lau vinha de Iguaí
e era só fartura. Chegava trazendo várias coisas do interior, gostava de
cozinhar, fazia pizza. Era uma festa.
Lembro-me que saíamos com Lau de táxi, um luxo, e quando o
motorista perguntava por qual caminho queríamos ir, ela respondia: pelo mais
longe, meu filho, estou aqui passeando...
Sempre foi gordinha e dizia estar de dieta: “Eu só como
folhas e não consigo emagrecer”, era o que não cansava de repetir. Falava
para desconfiarmos de mulher ou marido que emagrecesse de repente...
Presente, participativa, tolerante, respeitava as
diferenças, tinha amigos gays quando isto ainda não era comum.
Zé Barreto costumava dizer que Lau paquerou ele quando eram
solteiros, mas ela não confirmava, dizia que havia paquerado Dodô. Viajou comigo e Fernando para Conquista
quando fomos nos casar e levou várias merendas para comermos pelo caminho.
Sinto que ela não apareça em nenhuma foto do meu casamento. Ainda não existia o
celular...
Em Vilas do Atlântico, planejamos um almoço (cardápio: Vaca
Atolada) que seria preparada por Edinho
e Fernando, na casa de Gersinho. Na última hora mudaram de ideia quanto ao local e Lau me disse que se sentia mais a vontade na minha
casa. “ Mais do que a casa de seu filho?”. Ela explicou: “Eu adoro minha nora,
mas ela não me deixa fazer nada...”. Comigo, ela me colocava para fora da
cozinha e assumia tudo... Eu achava ótimo.
Quando a geração de minha mãe envelheceu, eu comparava a vida deles: Noemi,
Carmélia e Arlindo que tanto malharam Lau por não fazer economia, como se esta fosse falir e
viver na miséria. Qual a diferença?.. E quem viveu melhor?... Lau tinha seu
apartamento na Pituba, os filhos bem de vida, ajudou criar os netos. Tinha seu
carro e quando parou de dirigir só andava de táxi.
Mais velha ficou mais
religiosa e só reclamava quando numa farra a gente resolvia cantar hinos da
igreja. Ela achava um desrespeito.
13 comentários:
Bel, a Lau do seu texto era a que tinha uma loja no Campo Grande?
Ainda me lembro da farofa de galinha que ela fazia para a gente lanchar na viagem. Realmente, uma pessoa inesquecível. É ela mesmo Álvaro, a loja era dela e do marido Gerson.
Lau faz falta,gostaria de fazer um encontro no dia de seu aniversário.
E vamos falar de lau...................
Do primo
Fernando
Figuraça. Eu morria de dar risada com as histórias que ela contava.
Curti!
Acho que conheci Lau...
Fico sempre procurando o ícone "curti", para usar nos seus textos...
Realmente,Lau era sensacional. Fui muitas vezes naquela loja!!!! Vane
Lau sempre foi uma "figura". Qdo René se formou, vivíamos numa pindaíba danada. Fui até aquele alfaiate Spinelli (Adão não se vestia porque Spinelli não existia") esse era o slogan dele, eu e Raminho compramos o smoking a prestação e surgiu um problema. Faltava a camisa. Eis que chega Lau com um presente.Uma camisa linda e caríssima. Essa era a Lau.
Para tirar dúvidas de alguns, Lau faleceu se não me engano em 2008.
Na semana passada acordei um dia pela madrugada, não sei se sonhei alguma coisa, mas passei um bom tempo me lembrando de Lau, por isto escrevi este texto.
Vejam que coincidência!
Há muito tempo, mas muito tempo mesmo, não leio o "Caravana da Alegria", por falta de tempo, com toda a certeza, acreditem! Sou muito atarefado!
Agora, 23 horas, para relaxar a tensão que estou vivenciando neste instante, positiva, é claro, bebendo um Red Label para comemorar algo que não interessa a ninguém, abro o blog. Eis que leio essa maravilhosa crônica escrita por Bel, a "girl" que não envelhece......
Saudades de Lau, de Gerson (não sei por onde anda), de Iris!
Pois bem.
Sábado passado, dia 25 de julho, convidaram-me a um "baba" de velhinhos "idosos se querem ser politicamente corretos" (detesto essa p.), e lá, conheci alguns caras da velha Vitória da Conquista. Digo, conheci. porque não me lembrava de nenhum deles, porém se lembravam de ter sido contemporâneos de René na Escola Normal.
E um sujeito baixinho, disse-me com todas as salivas que saiam da sua boca cheia de whisky, cerveja e churrasco:
- "Fui namorado de Iris, a filha da minha querida professora Noemi".
O nome dele, se não me falha a memória, Lelisdete!!!!!!!!!!!!!!!!
Será história ou estória?
Bel, quando juntava Lau, Quinha e Nica, era sempre festa. Saudades das três.
Bem lembrado Leri. Quinha era também uma figura!...
Bel, fiquei emocionada com sua postagem. Lau foi realmente uma pessoa especial na nossa história. Eu não precisava de banana frita, nem de pizza, mas da quebra de rigor, e Lau e Nicácia fizeram isto. Quando criança, Lau chegava lá em casa com muito queijo, requeijão, biscoito, e uma conversa alegre e descontraída. No início da adolescência, passava férias em Iguai, não por causa de Sandra e Gersinho que eram "muito" mais novos que eu (acho que a diferença era de 2 e 4 anos). Ia para Iguai para curtir a companhia de Lau. Quando estávamos em Dias D'Ávila, sem telefone, Lau chegava, no domingo, sempre com lasanha,frango assado ou qualquer outra comida, todos deliciosos. Era uma farra. Tenho muita saudade dela. Gerson hoje está em Vilas, na casa de Gersinho.
Foi muito gratificante o tempo que convivemos com Lau, muito querida, valeu Bel .Saudades!
Postar um comentário