quarta-feira, agosto 18, 2010

VAIVÉM - Malas, sacolas e pacotes

Carregar bagagem ou mandar encomendas é uma tradição familiar. Quando viemos morar em Salvador, no final dos anos 60, minha mãe não podia saber de alguém que fosse viajar Conquista-Salvador que já aproveitava a ocasião para enviar alguma coisa para a gente, e não se incomodava em importunar Deus e o mundo. Carne do sol, laranja, verduras, feijão, biscoitos, doce de leite entre outras coisas.
Para ser justa, na época era uma prática comum para quem morava no interior e tinha os filhos estudando na capital.

Desta circulação de mercadorias ficaram algumas histórias que valem a pena lembrar. Uma vez recebemos uma encomenda contendo metade de um bolo e duas bananas da prata. Estranhamos um pouco e só depois de muito tempo viemos saber que Edinho e Fernando que tinham recebido o pacote, haviam comido a metade do bolo. Eles que moravam no bairro de Nazaré e nós nos Barris, muitas vezes tinham que se deslocar para levar estes produtos. Na época nenhum de nós tinha telefone!... Carro, então, só em sonhos.

De outra vez, minha mãe mandou umas latas de leite condensado cozidas para Irlan.
Só que Iris guardou o referido doce para servir ao seu boy-friend em ocasiões especiais. Quando minha mãe chegou e perguntou a Irlan, “gostou do doce que lhe mandei?”– o pau quebrou.

E Tia Nicácia? Quem não se lembra das bagagens dela? Barrada na rodoviária de Salvador, chegando de São Paulo, com mercadoria sem nota! Quá!.... eram retalhos de tecido da fábrica de uma amiga de Eleusa. Depois de esclarecida a situação ela aproveitou e convidou o fiscal para o seu aniversário.

Quando ia para Itaquara era um Deus nos acuda, na ida levava embalagens de todo tipo: latas, vidros, plásticos, até embalagem de ovos e o mais incrível: água do mar. Tudo para o povo da fazenda. Na volta, tínhamos que mandar a Kombi da empresa para buscá-la, pois outro carro seria impossível: caixas de tomate, pimentão, repolho, café....
Se passávamos em Itaquara enquanto ela estava lá já enviava uma parte da bagagem. Foi assim que Lulão se irritou quando teve que trazer uma galinha viva... kkkk. Eu confesso que uma vez me irritei também, quando passei com meu Chevette novinho e o fundo veio se arrastando pelo chão. Tinham garrafas de leite com tampas feitas de sabugo de milho, que medo de derramar!

Numa das últimas vindas de Nica de Itaquara. estávamos morando em Vilas do Atlântico. Ela e Edinho chegaram tarde da noite e espalharam a bagagem pela sala. Quando Igor acordou pela manhã, perguntou “de quem é esta bagagem toda?” Edinho respondeu: É minha. E apontando para malas, sacolas e pacotes ia dizendo: Aqui são as gravatas, ali as meias, ali as cuecas....



Mudam os roteiros, as pessoas, mas a tradição continua.... Vejam a bagagem de Igor de volta para os States. Farinha, nescau, ducha, goiabada cascão, sequilhos, manjericão.
E pensávamos que só vinham coisas de lá pra cá!

9 comentários:

Betty Boop disse...

kkkkkk!! Isso marido!! Traz...e olha que ele se recusou a trazer a carne de sertão....que pena...senão seria ainda pior...

art disse...

Me lembro bem quando vovó Nicácia vinha visitar a gente aqui no Rio. As malas, gigantescas. Parecia que vinha de mudança. Mas quá...quando abria, tinha carne de sertão, farinha, dendê, feijão branco, biju, tapioca, côco, requeijão (manjar dos deuses) do Brejão ou de Itapoã, e acreditem, que eu vi ...abóbora.

art disse...

Ei, não era uma abóbora modesta não, daquelas criadas a Toddy.

Unknown disse...

Sou traumatizada com esta coisa de levar bagagem...rs...rs...
Se deixar até hoje seu Nuncenso trás da fazenda sacos de verduras e quando é época de manga então...e aquele carneirinho.... só falta trazer a fazenda.
Dona Norma, cada dia mais consciente, me influenciou bastante para não continuar com este hábito tão familiar...ela diz "hoje tem tudo em todo lugar...".
Mas realmente de vez em quando trago um biscoitinho de Conquista (embora já tenha filial aqui), e o queijo do Brejão (este só trazendo de lá mesmo), e às vezes até um tempero pronto .... mas realmente o que não gosto é de carregar peso.
Inetressante é uma mãe de uma colega que adora mandar estas encomendas maravilhosa por outras pessoas (imagine, até polpa de fruta congelada), nem aviso a ela quando estou em Conquista.

CB disse...

Voces não viram nada, teve uma viagem que vim da fazenda com meu pai a duas decadas (e meia) atrás. Depois de repartir a "bagagem" dentre todos os parentes, Nelsão por exemplo levou um saco de cada coisa, tivemos que montar um grupo de vendedores espalhados pelo edf. Helena com a garotada, foram dois dias vendendo verduras e pagamos o condominio do mes.

Bel B disse...

Cristiano, esta eu não sabia. Fica a sugestão para Luciano. Ele pode vender cocada no Edf Helena, para pagar o condomínio!, pois agora ele está no Projeto Côco!..

Fernando disse...

1. Igor - os Ramalhos deixaram o rapaz em situação difícil - nos aniversários de Bia aqui em Salvador precisava de um container para carregas só os presentes da familia Ramalho. Agora ele voltou para os States com a mala recheada. Só a Dinda de Bia trouxe uma sacola cheia... A bagagem ficou tão grande que o rapaz esqueceu o tenis comprado em New Orleans. Acho que foi golpe do Negão (Iuri) que já estã desfilando nos shoppings...

Fernando disse...

2. A avó de Igor (Noemi) - a pessoa que mais enviou encomenda de uma cidade para outra: coentro, coleção de livros, coca-cola, bolo, tapioca. Qualquer portador que passasse em COnquista naquela época, tinha que ser escondido, feito Anete, pois se tivesse polpa naquela época ela mandava também.

3. A tia bisavó de Igor (Nicácia) junte as histórias de Bel, de Cristiano e de Artur ainda é pouco. Até caqueiro e água de Itaparica que breve farei uma postagem neste blog.

4. Conclusão - se for questão de DNA, o personagem Igor, tem que voltar para Salvador, ou monta uma empresa de logística, porque o destino est[a bem claro.

Betty Boop disse...

Vou ter que dizer que na parte de igor...Tia Bel foi bem delicada....pq até eu fiquei impressionada com a quantidade de coisas que sairam da mala.....nem vi roupa de Igor....e olhe que ele fez uma seleção e devolveu algumas coisas....
Mas valeu...tudo muito bom...as almofadas....os DVD's....as meninas adoraram o filme dos Trapalhões...tudo!!

Casamento de Amelinha e Arlindo - 1947

Casamento de Amelinha e Arlindo 1 - Maria Rosa Andrade 2 - Nicácia Andrade 3 - Amelinha Barreto 4 - Arlindo Martins 5 - Cecília Martins 6 - ...