segunda-feira, agosto 02, 2010

Uma feijoada para o Guinness

Embora não constem nos anais do livro Guinness, talvez porque seja uma edição brasileira à parte, venho registrar, superficialmente, uma proeza realizada na Fazenda Paris nos idos do ano 2000.

Como alguns já sabem, Itaquara é uma terra tranqüila e calma, conforme reza o provérbio já citado neste blog, mas naquela região, como todos sabem, mora um Barreto de história pra lá de empreendedora e que volta e meia sacode a região.

Já passei por mentiroso algumas vezes ao contar este caso, quando começava a falar tinha que reduzir a quantidade de feijão para ver se acreditavam, diminuía o tamanho da panela, não falava da salada, perguntavam se meu pai era pescador e eu parei de contar esse caso a anos, mas agora não, vocês precisam saber dessa empreitada e por isso estou contando sem reduzir uma única vírgula. Os dados me foram passados pelo idealizador e executor do projeto que encontra-se neste momento descansando lá na Paris, já com apetite para a próxima e que até hoje conta os “causos” sobre quem comeu mais feijão, e diga-se de passagem o campeão de lá comeu mais de 2,2 kilos, o segundo comeu 2,0kg e o terceiro 1,6 kg, com direito a farinha e pimenta a vontade com batida de limão para rebater.

Seu Edinho, my father, juntamente com uma grande equipe de peso, organizou no segundo semestre de 2000 duas grandes feijoadas, a primeira, que ele considera que foi um lanche, um almoço reforçado, de apenas 7 sacos de feijão, que pouco se fala, mas da segunda, que inclusive participei mexendo uma panela de feijão tropeiro com um remo, é que venho lhes contar.

O evento...

O evento foi um almoço realizado das 11 horas da manhã até as tantas da noite, não se sabe exatamente quantas pessoas foram alimentadas, mas como os 5000 pratos descartáveis começaram a ser lavados as 15:00 hs, imagina-se que 7000 pessoas passaram por lá. O cenário foi a sede da Fazenda Paris, velha conhecida de todos. A panela principal do feijão está guardada, ia ser utilizada como piscina para as crianças, mas meu pai ficou com medo de acidentes e guardou na despensa.

Uma equipe enxuta de 20 pessoas, revezando horários, catando feijão, cozinhando panelas pequenas de 20 litros e monitorando as grandes durante toda noite, 10 pessoas servindo na linha de frente, cozinheiras, auxiliares, carregadores, enfim, um grande projeto para se fazer dentro de casa, coisa de gente grande.

Para se ter uma idéia da movimentação, entre a primeira feijoada e a segunda foram apenas 15 dias, ou seja 420 kg de feijão abriram o apetite para 600kg.

E vejam os números:

Foram cozidos 10 sacos de feijão (600 kg) temperados com 2 kg folha de louro, 10 caixas de charque (300 kg), 1 tonelada de carne de sol (1000 kg), 100 kg liquiça, 200 mocotós de boi, 50 kg toucinho e 50 kg mocotó porco salgado dentro de uma panela de 1200 litros e mais 20 caldeirões de 20 litros. O arroz foi preparado com 20Kg de bacon e foram 130 kg. Caldo Knorr, sal e outras miudezas eram entregues de carro de mão, não sabemos a quantidade exata, mas engarrafou a porta da cozinha.

Salada (afinal gordura demais faz mal)

Foram preparadas para acompanhar o feijão uma salada com 20 caixas de tomate (440 kg), 20 caixas pimentão (240 kg), 10 sacos de repolhos (400 kg), 1 caixa de alho (10 kg) e 10 sacos cebola (200 kg) que deram um ar saudável ao ambiente.

Lembro-me que em cima da feijoada tinha uma camada de gordura de uns 3 centímetros, e para a gente ver o feijão tinha que usar duas colheres para abrir a superficie do feijão na panela que tinha aproximadamente 1 metro e meio de boca e com tampa.

Farinha não se sabe ao certo a quantidade, foi a perder de vista, lembro-me que a pilha de repolho cortado no chão era da altura de um garoto de 10 anos e tinham duas pilhas, o vinagre era derramado abrindo-se 4 garrafas de vez. Foram 30 litros de pimenta para ajudar a descer a bóia que foram acompanhados de 1200 litros de batida de limão, maracujá e laranja, que não sobrou nada e ainda teve pedido de encomenda.

Conta-se que o preço do mocotó das duas cidades vizinhas, subiu, a feijoada interferiu no mercado local, pois todos os mocotós dos açougues da região foram comprados, diziam que um tal de Leo tava cortando mocotó até de bicho vivo, tinham duas vacas de três pernas lá na fazenda dessa época, acho que foi Leo.

14 panelas de 20 litros de arroz foram cozidas de uma só vez, tudo foi cozido no seu tempo certo e não se queimou 1 grama de nada e para quem esteve lá, o sabor de tudo estava absolutamente delicioso, incomparável a qualquer tempero de feijoada já visto.

As 5 da manhã tinha cachorro de Minas Gerais rodando a fazenda, o cheiro da feijoada era hipnotizante, meu pai conta que se fosse no litoral a gente ia ver tubarão saindo da água, quanto mais se via feijão, mais dava vontade de comer, foi uma loucura, um êxtase de trabalho e gula dominando toda equipe.

O feijão foi cozido em uma panela especial de 1200 litros, projetada para o forno também especial de tecnologia escocesa, cuja chama não encosta na panela, não se grudou um só grão no fundo, também tecnicamente a preparação primou pela excelencia.

O mais incrível da festa foi que de tanta gente não houve brigas, apesar de terem bebido muito percebeu-se que de barriga cheia, a briga não é um bom negócio, nem há motivo, o grande maestro Edson por trás do evento equilibrava as equipes de comer, beber, descansar e tocar pandeiro ao tempo que durante as 24 horas se manteve a base da panela gigante com a colher na mão, fazendo o controle de qualidade ao mesmo tempo que recebia todos sem desligar do serviço.

Os poucos que ousavam a encostar nele para pedir feijão se arrependiam, tinha uma concha especial para os desavisados que de uma pegada só se levantava 1 litro de feijão que eram depositados sem pena no prato do sujeito, que naquele momento recebia o compromisso de comer tudo e voltar para finalizar com uma "carninha" os olhos do camarada se abriam para ver se o estomago acompanhava.

Se você duvida da história..., ligue para O cara 73 35435064 e financie a próxima, os artistas principais ainda estão vivos, mas agora Seu Edinho disse que 10 sacos ele não cozinha mais, daqui para frente só se faz a partir de 15 sacas de feijão, porque repetir resultado não tem graça, o bom mesmo é bater recorde.

11 comentários:

eleusa disse...

Piu..corococó. Fala pra ele aí Ofélia, quantos sacos de feijão usamos naquela feijoada que fizemos em ITU.

Vanzão disse...

Coloca umas fotos aí!! eu já vi essas fotos em algum lugar!
Para quem náo conhece a turma da pesada, só vendo para crer.

Unknown disse...

Pode contar comigo na próxima feijoada, física e financeiramente. Podemos já começar a coleta, passar conta para depósito e definir a cota mínima....

Igor Matos disse...

Já contei esta história e passei por mentiroso também.

Topo colaborar financeiramente, mais desta vez temos que filmar e fotografar tudo para mandarmos para o Guiness.

Quanto é um saco de feijão?

Betty Boop disse...

Muito boa!!! Cristiano, vc arrasou!! Adorei tudo!! Principalmente os 2Kg de louro!! é folha de louro viu??!!!
Estou no time de quem não acredita...então...coloca umas fotos ai!!

Robson disse...

Tem as fotos lá na fazenda Paris mostrando tudo, o tanque de 500 litros com o repolho cortado, soube que Nica fez calo no dedo de separar prato descartável. Coloca as fotos Kinho...

Igor Matos disse...

Kinho, coloca as fotos e vamos come'car uma campanha para a feijoada de 15 sacos de feij~ao.

Sugiro comemorarmos o 1 aniversario do caravana ano que vem com esta festa.

Fernando disse...

É tudo verdade, eu não fui mas vi a infra-estrutura. É coisa de Barreto, não Martins que quer saber o preço do feijão ou Viana que quer dividir a conta. KKKK
Quem devia financiar a próxima é o candidato a governador (Geddel ou P.Souto)... os outros, tò fora!!!
Mas se for a gente mesmo além dos 15 saoos de feijão podemos fazer uma tonelada de espaguete!

Bel B disse...

Fiquemos com a feijoada.
Espaguete? Não, tô fora!...
E o trauma que passei procurando espaguete de grano duro em Santo Antônio de Jesus?

eleusa disse...

Sem fotos vou fazer de conta que acredito. Cris, lendo seu texto, me lembrei nuito da música "Que mentira que lorota boa".

Anete disse...

Esta realmente não podemos esquecer, quando vai ter outra dessa? Soube que talvez no aniversário de 40 de Cristiano?

Casamento de Amelinha e Arlindo - 1947

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