segunda-feira, novembro 30, 2015

Homenagens a Amelinha (2a. edição do livro)

TEXTO DE PAT

“Ela tem covinhas iguais as de Amelinha, que bonitinha!” Eu achava um elogio máximo, afinal tia Amelinha era exemplo de mulher para nós sobrinhas: linda, batalhadora e persistente, mesmo contra o padrão determinado na sua época ela conseguiu se pós graduar na universidade após os 50 anos! Nunca falei para ela, mas seu exemplo de persistência e coragem me guiaram por toda a vida. Tive o prazer de conviver com ela em duas fases da minha vida: em São Paulo, na infância,  e em Salvador, no final da adolescência. Nas 2 ocasiões aprendi diferentes lições: o valor de conviver com a família e os amigos e que a persistência permite realizar nossos sonhos.

Amélia era mulher de verdade!


TEXTO DE ANETE

Logo de primeira vem a pergunta. - Vovó? Como vovó? Se é irmã de sua mãe?

Logo vem a primeira resposta:  as irmãs foram morar com ela, e assim que fomos nascendo (os sobrinhos)  ela  fez questão de que a chamássemos de vó.

A justificativa :  Naquela época uma mulher casada em torno dos 30 anos já era uma senhora.  Hoje em dia não sei se teríamos este privilégio.

Muitas são as memórias da infância, adolescência e já na vida adulta, daria um livro se fosse escrever tudo. Mas como a memória é falha, muitas coisas são esquecidas, vou fazer um esforço para lembrar de algumas.

Bem, sempre me vem  no meu pensamento as casas de vovó Amélia em Conquista.

Na primeira casa lembro da cozinha, lembrando da cozinha me lembro de Dona e Jaci. Da sala de visita que ficava o tempo todo fechada logo na entrada. Lembro que só podíamos almoçar depois de vovô Arlindo, de tomar banho depois de vovô Arlindo. Lembro nas férias da adolescência, as primas dormindo junto nos quartos e fazendo aquela “fofoca”. Engraçado, não me lembro muito das "comidarias", acho que neste período não era importante para mim.

Na segunda casa lembro que era no antigo quintal da primeira, bem pequena e compacta que ela foi morar após a separação, nem me pergunte o ano que não sei. Nesta me vem à memória claramente a mobília da sala, sofá e duas poltronas em jacarandá. Já morávamos em Salvador e quando íamos para a fazenda sempre dormiamos lá, engraçado, não me lembro dos quartos.

Na terceira casa lembro de tudo, inclusive da parte de baixo que  meu irmão morou uma época e tinha uma divisória separando o primeiro andar que ela ficou até a sua morte. Esta eu me lembro da "comidaria", várias vezes estive lá quando da gravação da TV Globo que passava meio dia com suas receitas. E lembro das chaves (ela tinha um preocupação para que as portas ficassem trancadas), lembro dos quadros (diga aí quem não herdou um quadro de vovó Amélia? Meu quadro é uma mulher, de Josemar Couto. Lembro da lareira, que quase nunca usava e que tinha na segunda casa também.

Pois é, foi realmente uma avó para a gente, como todo mundo lembra, sempre trazia presentes em suas viagens ao exterior, todo mundo ganhava uma lembrança (naquele tempo era fácil pois não tínhamos produtos importados aqui).

Me lembro também que como mulher, feminista, sempre segui seus conselhos, uma das coisas que fiz foi não mudar o nome no meu casamento. Mesmo em 1990 o rapaz do cartório  achou estranho. Valeu o velho ditado  “ caso com o homem, não com o nome”. Quase que o casamento não sai, meu ex ficou perplexo e falou que o casamento já tinha começado errado. Será?

Fui no lançamento do seu livro no Centro de Conquista, muita comida como sempre, muitas amigas como sempre. Muito me orgulho do que representou para a universidade de Conquista, uma pessoa até hoje lembrada. Afinal, ela era especial.

Como criou minha mãe e minha tia, sempre passou a necessidade de todas nós mulheres termos uma profissão, embora com as irmãs ainda vigorasse um casamento bom. Conselho dado, conselho seguido.

Gostava de cuidar dos outros e que estes seguissem as suas ordens, conheço muita gente que cresceu e até hoje agradece esta ajuda . Criou dos filhos com amor e sem muito afeto, modelo americano. Como era rígida em algumas coisas!..

Mas lembranças me fazem rir e chorar, e choramos muito na sua despedida, ela foi embora bem devagarinho, perdendo primeiro a sua voz (como gostava de falar), e suas curvas, e seu volume. Foi como um passarinho.  Mas deixou lembranças, boas lembranças (se teve uma lembrança ruim não me lembro mais).

2 comentários:

Anete disse...

Legal Bel. O pessoal animou mas parece que esqueceu. Acho que por enquanto tem o de Pat, meu, Célia, Charles e André. Se alguém escreveu mais deve ter mandado só para mainha. Mariana vem almoçar aqui hoje, vou cobrar a ela.

Bel B disse...

Publique os outros textos aqui, para deixar guardados... Este blog é o arquivo dos acontecimentos...

Casamento de Amelinha e Arlindo - 1947

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