segunda-feira, julho 09, 2012

Todo mundo tem que conhecer....

Ontem (domingo) fui em Madureira na Feira de Yabás, um bocado de barraquinha de comida, muito samba (também o Jongo da Serrinha) e muita chuva também. Me diverti muuuitto, como sambei. Recomendo.


Conheci o Bip Bip, olha que cheguei aqui em novembro e só conheci ontem. Como posso ter pedido tanto tempo.... Charles e Guida tem que voltar aqui.... Cristiano, como te falei olha como é o lugar. Robinho, só pensei em você quando conheci, acho que daqui a alguns dias nem vou sentir mais saudades da Bahia (quando cheguei estavam cantando músicas com tema da Bahia). Abaixo uma reportagem que achei perfeita.


Bip Bip - amor de boteco

Helena Aragão

Em um dia normal, com poucas mesas e muitos quadros na parede

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ
1/1/2009 · 118 · 9
Copacabana não é para principiantes. Muito menos para saudosistas. E se há um lugar que resume bem as contradições, as maluquices e o charme do bairro mais famoso do Rio de Janeiro, arrisco dizer que é o Bip Bip. Trata-se de um resumo etílico e afetivo de um bairro caótico, mas em miniatura - um pé-sujo de 18 metros quadrados e 40 anos recém-completados.

A rigor, não havia necessidade de colocar o Bip Bip no Guia do Overmundo. Ele já entrou para o folclore turístico da cidade e hoje é citado em tudo quando é guia, em qualquer língua. Para os gringos, é um programa curioso, provavelmente perto do hotel, em que se toma cerveja em pé e ouve-se música boa em meio a cariocas de plantão. É programa para gringo que quer sentir como vive o carioca da gema – afinal, pé-sujo é uma instituição importante da cidade que se espalha por todos os bairros.

Mas é claro que o Bip é muito mais que isso. É uma reunião de lendas urbanas e histórias incríveis. E o local onde todo músico de samba e choro, do mais sensacional ao iniciante, já tocou ou vai tocar, por puro prazer. É o destino certo de uma legião de cariocas apaixonados por música, seja samba, choro ou bossa nova. E pelo Alfredo, o proprietário de mau humor aparente e coração enorme. Então, no momento em que o bar completa 40 anos, e com o lançamento do livro, concluí que ele deveria ganhar um espaço neste guia, através de um relato sentimental. Afinal, não é exagero dizer que hoje o Alfredo é parte da minha família e o Bip, extensão da casa. Meus irmãos, músicos, são freqüentadores assíduos. Os chás-de-fralda dos meus sobrinhos foram feitos lá. Minha mãe, que está longe de ser uma fã de pé-sujos, tem um carinho imenso pelo bar e sobretudo por Alfredo. Lembro de um ano em que minha resolução de ano novo foi voltar a freqüentar mais o Bip Bip. Parece papo de boêmio ou de desocupado. Mas a verdade é que o Bip faz bem para o espírito.

São muitas as histórias. Da inauguração em 13 de dezembro de 68, no fatídico dia do AI5 (só o Bip mesmo para alegrar um dia tão sombrio). Da combinação de Alfredo com o antigo proprietário, que vendeu o bar por N doses de whisky, consumidas ao longo dos anos. Do bloco de carnaval mais anárquico e bêbado da cidade e do Rancho Carnavalesco Flor do Sereno, nascido e criado naquele cubículo. Da ceia de Natal organizada anualmente para os moradores de rua da região. Do grupo de assíduos que assume o bar quando a saúde do Alfredo prega umas peças. Do maluco de estimação, o querido e histérico João Pinel, a quem são dedicados o livro e a saudade de todos, desde sua morte, este ano.

Peraí, livro? Que livro? Para comemorar os 40 anos, um grupo de freqüentadores organizou uma coletânea. Já é a terceira obra em homenagem ao bar. Mas é possível que seja a mais plural. Traz relatos de 104 apaixonados famosos – como Moacyr Luz, Nelson Sargento, Herminio Bello de Carvalho... - e anônimos ilustres. Pode parecer chato, intimista demais, mas acredite, vale a pena. Tem gente que já freqüentou muito e hoje anda por outras praias, tem gente que conheceu recentemente e viveu aquele amor à primeira vista, tem gente que teve sua vida transformada por conta do bar... Tem também charges lindas de grandes artistas e fotos que ilustram a saudável bagunça possível em tão pouco espaço.

E o meu exemplar, para deleite dos olhos, tem uma dedicatória garranchada do Alfredo dizendo coisas lindas e fazendo um inacreditável pedido de desculpas por eventuais grosserias. Um gentleman. :)

onde fica
Na Rua Almirante Gonçalves 50. Copacabana, próximo à Rua Miguel Lemos e ao Posto 6
por que ir
Pra buscar sua cerveja no freezer, avisar ao proprietário e pagar na saída, num dos sistemas mais anárquicos e eficazes que já vi. Para descobrir que as palmas são proibidas por causa do barulho e substituídas por estalar de dedos. Para levar um dos esporros mais famosos da cidade, quando Alfredo interrompe tudo para expulsar quem está conversando (“Gente, vai pro bar aqui do lado, é ótimo!")
quando ir
Domingo para samba. Segunda para choro. Terça para bossa. E sempre, a partir das 18h, para conversar com Alfredo e tomar uma cerva gelada. (Não custa dar uma ligada lá para ver se a programação musical está confirmada).
quem vai
Gente de todas as idades, uma horda de apaixonados fiéis, gringos perdidos e felizes, músicos sensacionais, famosos ou não. Não vá pra lá se estiver com fome, no Bip o único combustível é cerveja.
quanto custa
Em fins de 2008, a latinha de Itaipava tá custando R$3. A música é de graça. O livro custa R$ 30, mas não deve durar muito, pois a tiragem é pequena.

5 comentários:

Bel B disse...

Anete, pelo jeito, este boteco é a sua cara!..

CB disse...

Anete, só me interessou o ultimo paragrafo..muito bom.

Anete disse...

Cris, a reportagem é de 2009, mas creio que não aumentou o preço não.

Bel B disse...

Eu não gostei do penúltimo parágrafo... é só cerveja???? Nada para comer???

Anete disse...

Só cerveja, tem um bar em frente que talvez tenha alguma coisa para comer.
Outra coisa é que no dia que fui também não tinha lugar para sentar, estas mesinhas foram substituídas por uma mesa grande só com os músicos.
Outra coisa é que o carioca não é de ficar sentado, acho que já estou me acostumando.

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