terça-feira, março 15, 2011

Sem foto.

Desconheço se os cajus, amarelos e pendentes, ou as gotas de chuvas, observavam três garotos (você, Charles anjo 45-protetor dos fracos e dos oprimidos, e eu), um burro com panacons contendo colchonetes encharcados, um vasilhame com 5 litros de cachaça, e muita coragem fazendo o caminho entre o Onha e o Café.
O tempo é cruel tanto com a verdade como com a invenção. Mas qual a importância disso agora?
Irlan, você me surpreendeu na venda me dando rasteiras de capoeira. Estávamos na lama, eu ria a não poder, e notei que você ficou enfurecido. Bingo! Se lembra de me encarar procurando uma explicação lógica que não havia. Não havia. Divertia-me sendo derrubado na lama por uma rasteira certeira. Como haver violência se tudo era igual. Na lama estavam atacante e atacado. Não havia vencedor, você entendeu e logo se cansou do jogo.
Após amarrarmos o burro, o fantástico desconcertava meu habitué carioca. Almas penadas, burros sem cabeça e escravos fujões começaram a sair de um buraco da Velha Rola, mulher que guardou um tesouro esperando o filho voltar da guerra do Paraguai, e assim passamos a noite. Com certeza não moravam em Copacabana (você é que me disse isso). O burro se soltou após um pé de vento....que aliás animava a bananeira e as sombras impressionantes que ela criava.
Depois disto não lhe vi mais, o que muito me arrependo.
Você se lembra de que te encontrei décadas depois na Praça da Inglaterra? Eu ocupado com o comum. Mas estava você já ocupado com o extraordinário?
Vai companheiro, materiodistante(apud Joyce), guardar nosso lugar de estrelinha ao seu lado para iluminarmos, quem sabe, mais três garotos no caminho do Onha.

8 comentários:

Betty Boop disse...

Linda homenagem! Muita luz Irlan!!!
Encontre seu caminho e seja feliz!!

Anete disse...

Me lembro da festa que Irlan fez com as 100 dúzias de lambreta - que foram lavadas em uma banheira. Alan teve uma alergia de tanto degustar o marisco. Acho que foi na casa de Filemon.
Tem muito tempo que não o vejo, no início da doença ele ainda chegou a ir na fazenda, mas depois parou de comparecer aos eventos, não tinha mais vida social.
Todo este tempo, ele viveu só no seu mundo, com o apoio, carinho e acompanhamento de sua família mais próxima.

Pat disse...

Eu lembro de como para ele era fácil e divertido passar nos concursos. Imbatível! Que ele tenha encontrado seu caminho!

Bel B disse...

Quando a gente perde alguém muito próximo, a sensação que tenho a princípio, é de uma enorme solidão, que denomino para mim mesmo de solidão de sobrevivente. Devagar, este sentimento vai se aplacando a medida que vejo não ser a única sobrevivente. Aparece a família e todo o apoio que necessito. Surgem os amigos que são tão amigos que confundimos com família, os amigos que não são tão próximos e que se fazem presentes. Penso nos mais jovens e nas crianças do nosso convívio, e as que ainda estão por vir... assim aos poucos aparece a força para continuar a batalha do dia a dia e achar que a vida vale a pena.
Muito obrigada a todos, ao texto de Art, muito bonito, as pessoas que colaboraram, aos que compareceram, aos que telefonaram, enfim a todos que foram tão solidários...

SERGIO disse...

GRANDE DIRLANGO

Ivana disse...

Ah Pat,
Você se lembra de uma viagem a fazenda Itapoan? Vínhamos na D20 de meu pai, eu, você Irlan e outros. a D20 bateu o motor ao passar o rio. Pegamos uma carona no caminhão de leite (imagine em cima dos baldes) e fomos para Itagimirim pegar o ônibus para Salvador. Chegando lá lavamos as mãos em uma poça de água na rua, pois o ônibus já ia sair. Irlan fumava sem parar e andava de um lado para outro...no seu mundo de devaneios. Lembro-me que não dormir a noite toda com medo do ônibus pegar fogo.... Naquele tempo era permite fumar em ônibus e Irlan fumava sem parar... Uma viagem que ficou na história.

E o dia em que a cozinha do Brejão pegou fogo?

Aventuras de Irlan....

Abraços

Ivana

Ivana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vane disse...

"Não é a ordem natural os filhos irem primeiro"palavras de Sr. Flory comigo lá no funeral.É sempre díficil encarar a morte por mais que sabemos que todos terão o seu dia.
Lembro quando D. Noemi pedia a Isa e a mim para dizer para Irlan,com as mãos postas, quando ele estivesse dormindo:"todos os dias, sob todos os pontos de vista vou cada vez melhor" e era feito. E até hoje digo comigo.....

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